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Alimentação. Apoio do Governo ajuda, mas não resolve situação dos mais desfavorecidos

23 jun, 2022 - 18:50 • Filomena Barros , Rosário Silva

Sobre a medida, que vai abranger mais de um milhão de agregados familiares, a Renascença ouvir a Rede Europeia Anti pobreza e a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome.

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Apoio extraordinário de 60 euros do Governo ajuda, mas não resolve situação dos mais desfavorecidos, defendem a Rede Europeia Anti Pobreza e o Banco Alimentar.

Depois de na ultima quarta-feira, António Costa, ter anunciado, na Assembleia da República, que "a medida extraordinária de apoio ao cabaz alimentar vai ser prolongado por mais três meses", o Governo veio esta quinta-feira a terreiro, esclarecer que o apoio extraordinário vai, afinal, ser pago de uma só vez: em julho, para os beneficiários da tarifa social e da eletricidade e, em agosto, para quem recebe prestações sociais mínimas.

Nas reações, o presidente da Rede Europeia Anti Pobreza, o padre Jardim Gonçalves, diz que não percebe esta diferença nos anúncios do executivo.

“Não entendo, porque acho que no prazo de 24 horas haver uma disparidade de informação, é qualquer coisa que não devia acontecer”, considera, para lembrar em seguida que “o grande problema é sempre a informação e a transparência para com o cidadão”.

“Se umas pessoas dizem, e logo a seguir não é verdade o que disseram, isto é o descrédito de qualquer responsável do Governo”, conclui o sacerdote, ainda que observe que este apoio ajuda as famílias, embora não vá resolver a situação dos mais desfavorecidos.

“Acho que estamos numa época e num momento muito critico e difícil. Portanto, qualquer ajuda para quem não tem, é sempre positivo, nem que seja para ajudar a pagar a água e a luz”, menciona, em declarações à Renascença.

Contudo, para o padre Jardim Gonçalves não deixa de ser uma “solução pontual”.

“A solução definitiva, é a vida social e económica mudar. Com uma inflação a crescer, com o aumento dos produtos, as pessoas não tendo outra fonte de receita, é complicado. É uma ajuda sempre, mas não é a solução do problema”, atesta o presidente da Rede Europeia Anti Pobreza.

Na mesma linha de pensamento, a posição da presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome. Isabel Jonet entende que um dinheiro extra dá alguma folga, mas não resolve as dificuldades das famílias.

“Não fizemos estudos da aplicação dessas verbas e penso que as instituições que estão mais próximas das famílias, no terreno, também não o terão feito. Mas, 60 euros, depressa se gastam e a maior parte dessas famílias fará o gasto em comida”, afirma a responsável.

Esta quinta-feira, o Conselho de Ministros aprovou o prolongamento do apoio de 60 euros às famílias mais vulneráveis, criado para atenuar o impacto do aumento dos preços dos bens alimentares.

Segundo a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, este apoio extraordinário será aplicado “exatamente nos mesmos moldes" em que já foi pago em abril e maio.

O apoio irá assim abranger cerca de um milhão e 70 mil agregados em julho e agosto.

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