23 jun, 2022 - 18:03 • Ricardo Vieira, com Lusa
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reagiu esta quinta-feira às polémicas declarações da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, segundo a qual agosto não é um bom mês para ficar doente em Portugal.
“Uma preocupação que os portugueses têm, em qualquer caso, é terem verões sem acidentes e sem doenças. Todos nós aspiramos a isso e cada qual fará um esforço para não estar doente, por si mesmo e para não pressionar o cuidado da saúde dos outros”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
“Os nossos pais recordavam-nos isso quando éramos jovens, os nossos amigos e professores também. Portanto, os responsáveis políticos podem recordar evidências”, sublinhou o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa reage assim às declarações proferidas na quarta-feira pela diretora-geral da Saúde, na apresentação do plano de contingência da DGS para o verão.
“Costumo dizer que a pior coisa que nos pode acontecer é adoecer em agosto. Porque também os nossos médicos não está lá, estão de férias noutro sítio qualquer. Não é uma piada de mau gosto, estou a constatar um facto. Agosto não é um bom mês para se ter acidentes e doenças”, declarou Graça Freitas.
O Presidente da República considerou hoje “um começo de atitude positiva” e “muito importante” que os governantes percebam e reconheçam que “as coisas não estão bem” tal como fez o primeiro-ministro sobre a saúde.
À margem de uma visita ao projeto “Primeira Pedra”, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o debate no parlamento que decorreu no dia anterior e as explicações que o primeiro-ministro, António Costa, deu aos deputados sobre a situação que se vive no setor da saúde.
“Uma coisa é certa: o senhor primeiro-ministro reconheceu que há problemas estruturais, graves, situações inaceitáveis. Eu acho que é muito importante quando os governantes percebem que as coisas não estão bem”, sublinhou.
Apesar de assumir que “não é o suficiente”, para o Presidente da República “é um começo de atitude positiva porque normalmente ou muitas vezes acontece que os governantes não veem a realidade”.
“O povo vive de uma maneira e os que estão com maiores responsabilidades políticas não veem essa realidade toda. Se veem a realidade isso já é um bom começo de conversa”, enfatizou.
Quanto ao impasse das negociações entre Governo e sindicatos, Marcelo Rebelo de Sousa espera que quanto a essa “pequena parte do problema” haja “maior sucesso” na próxima reunião.
“Como o Governo já admitiu, há coisas mais fundas e mais amplas e o próprio primeiro-ministro teve de admitir que há que alterar gestão, reestruturar, mudar em muitos aspetos e por aí passa também a resolução do problema mais amplo da saúde”, avisou.