27 jun, 2022 - 16:20 • Tomás Anjinho Chagas , com redação
O egoísmo está a bloquear o acordo sobre as águas internacionais, afirmou esta segunda-feira o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na abertura da Conferência dos Oceanos, em Lisboa.
Em causa está um tratado mundial para garantir que 30% dos mares sejam protegidos até 2030 e que está a ser negociado neste momento.
O secretário-geral da ONU considera que a única barreira é a forma como as pessoas olham para estas águas.
"Egoísmo. Estamos a lidar com a proteção da biodiversidade em águas internacionais, mas algumas pessoas julgam que são tão poderosas que acham que as águas internacionais deviam ser delas. Eu acho que é importante fazer toda a gente entender: as águas internacionais são nossas, de todos os países e de todas as pessoas no mundo.”
António Guterres falava numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O secretário-geral da ONU voltou a pedir um esforço maior de todos os países para atingir metas mais ambiciosas para os oceanos.
Neste primeiro dia da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, o primeiro-ministro, António Costa, assumiu os compromissos de classificar 30% das áreas marinhas nacionais até 2030, com Portugal a possuir a totalidade dos seus 'stocks' de pesca nacional dentro dos limites biológicos sustentáveis.
Na sua intervenção, em que assumiu quatro compromissos em termos de ação, António Costa procurou salientar a ideia de que, quando se fala de oceanos, o conhecimento científico “tem de estar no centro”.
Nesse sentido, aproveitando a centralidade atlântica dos Açores, o Governo português, de acordo com o chefe do executivo, “dará continuidade ao investimento na iniciativa Air Center, enquanto rede de colaboração científica entre países e institutos de investigação sobre áreas como o espaço, a observação da atmosfera, os oceanos, o clima e a energia”.
“E até ao final deste ano, iremos criar o gabinete da Década das Nações Unidas das Ciências do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável”, referiu.
Outro compromisso assumido pelo líder do executivo é o de Portugal “assegurar que 100% do espaço marítimo sob soberania ou jurisdição portuguesa seja avaliado em bom estado ambiental”.
“E, até 2030, classificar 30% das áreas marinhas nacionais”, completou.
O primeiro-ministro também assumiu como meta nas energias renováveis oceânicas atingir dez gigawatts de capacidade até 2030 e duplicar o número de startups na economia azul, bem como o número de projetos apoiados por fundos públicos.