04 jul, 2022 - 18:42 • Lusa
A vereação do PS na Câmara de Lisboa acusou hoje o presidente da autarquia, Carlos Moedas (PSD), de falta de visão e de ambição para governar a cidade, inclusive ao desistir do projeto da Feira Popular em Carnide.
“A imagem de marca de Carlos Moedas, como se viu hoje uma vez mais, é não fazer. Perante o desafio de algo que possa dar trabalho, ou gerar alguma crítica, Moedas recua, suspende ou cancela”, afirmou o PS, numa nota enviada à agência Lusa, reagindo à posição do atual presidente da Câmara de Lisboa sobre o projeto da Feira Popular em Carnide, que foi hoje notícia, mas que já constava do seu programa eleitoral.
Numa entrevista à Renascença, o social-democrata Carlos Moedas disse que é preciso repensar o conceito de Feira Popular, considerou que “parques de diversão no centro de cidade não fazem o mesmo sentido que faziam no passado” e defendeu que o projeto deve priorizar a construção de “um parque verde com equipamentos para as pessoas”, com a possibilidade de uma parte do espaço na freguesia de Carnide ter alguns equipamentos de diversão.
A posição do autarca do PSD constava do programa eleitoral da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), com o qual conquistou a presidência da Câmara de Lisboa nas autárquicas de 2021, em que se comprometeu a “transformar o atual projeto da Feira Popular”, apresentado em 2015 pelo anterior executivo camarário sob a presidência do socialista Fernando Medina, “para prever um novo parque urbano, com equipamentos de lazer e desporto, incluindo uma nova piscina exterior natural em Carnide, de grande dimensão, ambientalmente inovadora”.
Em entrevista à Renascença, Carlos Moedas deixou a(...)
Para o PS, partido que perdeu a presidência da autarquia da capital do país para a coligação Novos Tempos, “Carlos Moedas não tem uma visão de cidade e, muito menos, uma ambição para Lisboa, razão pela qual já pouco resta do seu programa eleitoral, sendo rara a semana que não deixar cair uma das bandeiras”.
Os socialistas defendem que a conclusão do projeto da Feira Popular em Carnide, apresentado em novembro de 2015 por Fernando Medina (PS), “para lá de uma ambição fortemente reclamada pelos lisboetas há quase 20 anos, era um instrumento crítico para o equilíbrio da carga económica e turística da cidade”.
Os vereadores do PS consideram que é preciso diversificar os pontos de atração na cidade, o que passa por diminuir a pegada turística da zona história e de Belém, onde se encontra concentrada atualmente.
“Desistir da Feira Popular, mais a mais sem qualquer sustentação como fez hoje Carlos Moedas, representa uma quebra com o imaginário afetivo da cidade, a história de Lisboa e as pretensões dos lisboetas”, contestou o PS, acrescentando que se trata de um importante equipamento para o concelho, que conjugava uma ampla área verde com mais de oito hectares com o espaço de diversão e entretenimento.
Sobre a posição de Carlos Moedas de que estes parques estão datados e não têm lugar nas cidades modernas, os socialistas consideram que “não tem razão”, indicando que Copenhaga, Viena, Estocolmo ou Bruxelas têm importantes parques de diversão no centro da cidade, inclusive o estudo de viabilidade da Feira Popular de Lisboa foi inspirado no Tivoli, em Copenhaga.
Perante as declarações do presidente da câmara, o PS vai interpelar, diretamente, Carlos Moedas na próxima reunião de vereação, local onde o autarca do PSD, que governa a cidade de Lisboa sem maioria absoluta, “nunca levou o tema e menos ainda explicou a sua decisão”.
A Lusa questionou o gabinete do presidente da Câmara de Lisboa sobre a alteração ao projeto da futura Feira Popular em Carnide, aguardando ainda uma resposta.
O projeto foi anunciado em 03 de novembro de 2015 e as obras arrancaram um ano depois, com as demolições dos edifícios existentes no terreno localizado na freguesia de Carnide, para criar um parque urbano de 20 hectares.
Em março de 2021, o então presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, disse que o parque verde da futura Feira Popular deveria abrir “antes do verão”, justificando o atraso na obra com a pandemia de covid-19 e revelando o objetivo de lançar ainda nesse mandato o concurso relativo à concessão para a operação do equipamento.
Congresso PSD
Em entrevista à Renascença, o presidente da Câmara(...)