05 jul, 2022 - 13:28 • Lusa
O Governo garantiu esta terça-feira que, apesar da seca, o país tem água para consumo humano nos próximos dois anos, mas admitiu racionamentos em determinadas zonas do país, relativamente a alguns usos, como na agricultura.
A garantia foi dada pelo secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e Ordenamento do Território, João Catarino, à margem de uma visita ao concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga, onde foi assinalar a melhoria das condições de visitação do Parque Nacional da Peneda Gerês.
Questionado sobre notícias a dar conta hoje de que há “barragens próximas do volume morte” (reserva técnica que fica abaixo dos canos de captação), ou de o nordeste transmontano estar em alerta e com ameaça de corte de água durante a noite, o governante assume a preocupação face aos efeitos da seca, mas assegura que o país não terá falta de água para consumo humano nos próximos dois anos, mesmo sem chuva.
“[A seca] é uma situação que tem de nos preocupar a todos. Obviamente que o Governo, como responsável, tem de estar preocupado, mas preocupado na dimensão em que sabemos e garantimos que não vai faltar água para consumo humano. Esta é a nota que temos de deixar: Portugal tem hoje condições para garantir que não faltará água para consumo humano, mesmo que as condições se mantenham, e, que, pelos vistos, se vão agravar”, disse João Catarino, aos jornalistas.
Reconhecimento oficial da situação pelo Governo vi(...)
O secretário de Estado avisa que, se há menos água, é preciso que haja um uso “mais eficiente” em todas as suas dimensões.
“Em casa, na rega dos espaços públicos, na agricultura. Temos de ter consciência que se a água é menos, temos de gastar muito menos. Ao Governo compete garantir o consumo humano de água e esse está garantido para dois anos, para este ano e para o [próximo] ano, mesmo que não chovesse este ano e no próximo, que esperamos não aconteça, de forma alguma”, declarou o governante.
O secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e Ordenamento do Território admite, contudo, o racionamento de água em determinadas zonas do país, para alguns fins.
“[Racionamento de água] sim, isso é possível que tenha de existir para alguns usos, obviamente, mas, para o consumo humano, estaremos sempre atentos. Serão utilizadas todas as formas alternativas, se as condutas que estão estabilizadas não forem suficientes. Mas, o Governo está em condições de garantir que não haverá falta de água para consumo humano durante o verão, sem dúvida”, afirmou João Catarino.
O secretário de Estado alertou ainda para a onda de calor prevista para os próximos dias pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a qual, conjugada com a situação de seca, vai criar condições de risco extremo de incêndio.
“Alertava para o facto de termos muito cuidado com a utilização de alguns instrumentos, nomeadamente em termos agrícolas ou florestais, que possam provocar ignições nos próximos dias, porque as condições vão agravar-se substancialmente”, sublinhou o governante.
Para João Catarino, a seca e os incêndios florestais “são duas preocupações permanentes do Governo”.
“Que nos deve convocar a todos, incluindo a comunicação social, a alertar as pessoas, porque estamos, efetivamente, no risco extremo nos próximos dias. Obviamente a seca vai prolongar-se, e temos agora também os eventos extremos, com temperaturas elevadas e humidade relativa baixa que se prevê para os próximos dias. Por isso, temos de ter muito cuidado, no uso da água e no uso de instrumentos que possam provocar ignições em espaço rural”, apelou o secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e Ordenamento do Território.