06 jul, 2022 - 08:55 • Miguel Coelho com redação
De acordo com a informação no site da ANA Aeroportos, esta quarta-feira foram cancelados 21 voos nos aeroportos portugueses, a maioria das viagens são da TAP. Em Lisboa estão canceladas oito partidas e dez chegadas. Já a norte, no aeroporto Francisco Sá Carneiro, estão canceladas até agora três viagens.
Todos os dias há notícias de voos cancelados e grandes filas de passageiros à espera de soluções para conseguirem viajar.
Devido à falta de pessoal e às greves em várias companhias aéreas, os cancelamentos multiplicam-se em vários aeroportos do mundo.
Esta situação vai manter-se?
A própria presidente da TAP já admitiu que é o que vai acontecer porque estes cancelamentos sucessivos estão a ser motivados não por uma única causa, mas por um conjunto de fatores em Portugal e não só, que fazem perspetivar um Verão complicado para quem planeou viagens aéreas.
O que está na base do caos? Falta de pessoal, falta de aviões?
A principal causa parece ser um aumento da procura. Após dois anos de pandemia, os passageiros aumentaram para níveis semelhantes aos que havia anteriormente e nem as companhias aéreas, nem os aeroportos estavam preparados para responder a um crescimento tão súbito das viagens de turismo e de negócios. Convém lembrar que um grande número de trabalhadores foi dispensado desde 2019, numa altura em que os voos chegaram a estar totalmente parados. Agora, que muita gente decidiu voltar a viajar, muitas e companhias estão subdimensionadas e não têm capacidade de resposta - e isto está a acontecer também noutros países da Europa e não só.
A retoma das viagens era previsível ou não? Como é que as empresas como a TAP são apanhadas assim de surpresa?
A surpresa é relativa - mas não é fácil de um momento para o outro retomar a atividade, contratar pessoal - num setor muito especializado embora a TAP oficialmente garanta que não tem falta de pessoal. Os sindicatos e funcionários têm uma versão diferente, dizem que há um défice generalizado - desde tripulantes e pilotos a pessoal de manutenção. Depois misturam-se outras questões laborais, como os cortes de salários que houve durante a pandemia. A frota de aviões da TAP também não ajuda porque, com aparelhos maiores poderia recuperar mais facilmente os voos cancelados, e não é o caso. A TAP perdeu também 18 slots de aterragem e descolagem para poder beneficiar de ajuda do Estado e, portanto, perdeu margem de manobra para realizar mais voos.
E temos todos os outros problemas que já conhecemos, como as limitações físicas do aeroporto de Lisboa.
Os terminais não conseguem dar vazão a tantos passageiros nas alturas de pico, há limitações de pistas, agravadas na semana passada por um incidente com um problema num pneu de um avião que atrasou toda a operação do aeroporto. A restruturação do SEF, nos últimos tempos, também provocou problemas com falta de funcionários para verificar passaportes e fiscalizar os viajantes, o que levou a organizar um plano de contingência com reforço de inspetores do SEF e da PSP, mas pelo menos essa parte do problema parece estar agora minimizada.
Os problemas no aeroporto de Lisboa estão longe de ser caso único, porque é o que está a acontecer em muitos dos principais aeroportos internacionais.
Em vários países tem havido também greves.
Desde Espanha, França, Itália e até nos Estados Unidos tem havido greves tanto de pessoal de voo e de terra e novas paralisações estão já marcadas. Se os aviões não vêm para Lisboa, não podem depois partir e vice-versa.
Para além de levar a cancelamentos de voos, são paralisações que também impedem que as bagagens sejam despachadas e é uma bola de neve sem fim à vista.