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​Escolas de música e sucesso. "Há 20 anos que aqui não há retenções"

08 jul, 2022 - 02:06 • Cristina Nascimento

No pódio das escolas que fazem menos de 100 exames, dois dos três primeiros lugares pertencem a estabelecimentos de ensino de música: a Academia de Música de Santa Cecília e o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian.

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Duas das três escolas que lideram o ranking dos estabelecimentos de ensino que fazem menos de 100 exames são escolas de música. Os dados foram apurados pela Renascença, que, na análise aos resultados por escola distingue os estabelecimentos de ensino que fazem mais e menos provas.

Na lista dos que fazem menos exames, a Academia de Música de Santa Cecília, em Lisboa, foi a que obteve melhores resultados, com uma média de 15,66 valores, seguida do Colégio dos Cedros, em Vila Nova de Gaia.

Depois destas duas escolas privadas, em terceiro lugar surge a escola pública Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, de Braga, que atingiu uma média de 15,11 valores.

Questionada sobre se o ensino da música pode explicar os bons resultados escolares, a diretora do Conservatório Ana Maria Caldeira admite que pode ser uma justificação, dando como exemplo as classes de conjunto.

“Uma prática orquestral, que eles têm a partir do 5.º ano, exige-lhes uma concentração muito grande, sabem que o silêncio é sagrado, têm de saber quando é que entram. Também têm de ter capacidade de memorização, quando tocam as suas peças a solo”, exemplifica.

Sobre os resultados do ranking, Ana Maria Caldeira mostra-se contente, mas diz que a verdadeira realização daquela comunidade escolar traduz-se na falta de retenções.

Escola... a segunda casa

“Há pelo menos 20 anos que ninguém fica retido e eu sei do que falo, pois estou cá há 37”, diz.

“São poucos alunos, a escola é pequena, conhecemos os alunos praticamente todos, porque eles entram no 1.º ano e estão praticamente até ao 9.º ano e alguns continuam para o 12.º, isto é literalmente a segunda casa deles. Quando são pequeninos e começam a ter algumas fragilidades nalguma matéria, a escola está logo muito atenta e adota estratégias, de forma a que nunca ninguém fica para trás”, explica.

Em Lisboa, falamos com o diretor da Academia de Música de Santa Cecília, escola privada há muito bem-conceituada na capital, fundada em 1964. Rui Paiva alinha com Ana Maria Caldeira, considerando que o ensino artístico especializado “desenvolve um conjunto de capacidades e competências que depois se refletem não só nos resultados escolares, mas também no trabalho colaborativo, no desenvolvimento de autonomia, do sentido crítico”.

Apesar de reconhecer as vantagens que os alunos tiram deste tipo ensino, Rui Paiva diz, no entanto, que este tipo de ensino “não pode ser oferecido a todas as crianças”.

“Exige muito trabalho regular, muito método de trabalho, ocupa bastante tempo semanal ao longo durante muitos anos. Para isto é preciso, sem qualquer dúvida, ter vocação”, esclarece.

Sobre a Academia de Música de Santa Cecília em particular, Rui Paiva diz que a filosofia da escola é ou formar “futuros profissionais para a música com uma boa formação académica; ou formar alunos para outras vias, arquitetura, engenharia, medicina, o que seja, mas com boa formação musical, para que sejam bons ouvintes”.

Nos quase 60 anos de existência, a Academia tem conseguido manter a coexistência destas duas e “manter-se fiel aos seus valores, uma boa formação académica, uma boa formação musical, uma boa formação humana, assente em valores cristãos”, remata o diretor.

Consulte aqui o ranking 2021

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