08 jul, 2022 - 00:23 • Fátima Casanova
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O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep) critica o Ranking das Escolas, que todos os anos é divulgado pelo Ministério da Educação.
Para Filinto Lima, esta “falsa tabela classificativa não retrata as competências sociais com que os alunos saem das escolas”. Por isso, defende outro tipo de critérios que não tenham em conta os exames.
Para o presidente da Andaep, esta “lista classificativa das escolas está a ficar em desuso e cada vez sai mais tarde”. À Renascença, lembra que “dantes saía em outubro e agora sai em julho, quando muitos pais já estão de férias”.
Este responsável admite que não tem grandes expectativas em relação aos rankings. Continua muito crítico ao que chama de “falsa tabela classificativa”, porque considera que é muito limitativo “classificar uma escola com base nos resultados escolares dos alunos, que mostram só a qualidade dos alunos que fazem os exames e não mostram a dinâmica nem o mérito das escolas”.
Filinto Lima diz mesmo que “é muito desonesto comparar-se algo que pela sua essência, por inúmeros fatores, é objetivamente incomparável, quando existem muitos critérios que interferem para além do grande critério”, que é o dos exames.
Se o objetivo é continuar a graduar as escolas, então para Filinto Lima há outros critérios que são mais importantes: “o critério da permanência no ensino superior dos alunos e o critério da qualidade da avaliação no ensino superior”.
Para o dirigente da Andaep, “está visto que são os alunos que saem das escolas públicas que fazem em menos tempo o ensino superior e com maior qualidade ao nível das classificações que obtêm”.
Filinto Lima defende ainda a elaboração de uma lista que retrate “as competências sociais com que os alunos saem das escolas como existe em muitos países, como por exemplo, nos Estados Unidos da América onde o recrutamento dos alunos já se faz pela leitura do portfólio onde essas competências são muito valorizadas”.
O presidente da Andaep defende que “numa altura em que a escassez de docentes é um grande problema para o nosso país”, os diretores deveriam ter “mais agilidade ao nível da contratação de professores”.
À Renascença, Filinto Lima considera que o diretor deveria “ser uma peça importante” no processo de contratação de docentes, o que neste momento não acontece.
Afirma que “se os nossos alunos não tiverem professores não é benéfico, não só tendo em conta os exames que vão realizar, mas tendo em conta toda a preparação com que um aluno sai do ensino secundário para enfrentar as dificuldades”.
Filinto Lima realça que está “com esperança que as medidas administrativas, que foram implementadas nos últimos meses pelo Governo, juntamente com “medidas adicionais” possam combater o “flagelo da escassez de professores”.
Este responsável admite que a falta de professores pode aumentar a clivagem entre sistema público e privado. “É evidente que se continuarmos a ter turmas, em algumas disciplinas, sem o professor respetivo, é evidente que o público fica um pouco prejudicado, até porque nós não temos a agilidade de contratação dos diretores pedagógicos das escolas privadas e gostaríamos de a ter”, conclui.