08 jul, 2022 - 00:00 • Liliana Carona
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“‘Thus e Furthermore’, os conectores frásicos são importantíssimos”, explica Carla Assis, professora de Inglês na Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais, desde 1998. Sempre disponível para dar aulas de apoio extracurriculares.
A docente de 51 anos é abordada à saída da escola por Lourenço Gomes, 17 anos, no 12.º ano, da área de Ciências. Já não tem aulas, mas a escola permite que continue a ter aulas de apoio a Inglês.
“Todo o apoio que damos aos alunos não é só nas vésperas de exames, é muita proximidade. O acompanhamento do pessoal não docente, dos encarregados de educação, trabalhamos em rede. Damos aulas de apoio, com reforço, preparação direcionada, para a prova de Inglês. É um processo. A prova oral, intimida alguns alunos até por questão da própria personalidade, simulamos agora e sentem-se mais descontraídos”, exemplifica a docente da Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais, segunda pública mais bem classificada no Ranking das Escolas de 2021.
Carla Assis não se mostra surpreendida perante os bons resultados obtidos no ano de 2020/2021. “É um grande orgulho, não me surpreende, porque conheço de perto o trabalho nesta escola”, assume, em uníssono, com o aluno Lourenço Gomes. “É sempre uma boa notícia. O segredo é o trabalho árduo e nunca perder a fé, independentemente das circunstâncias, esperar sempre uma luz”, defende.
“Bom dia D. Margarida”, entra de rompante na escola Catarina Almeida, 17 anos, aluna do 12.º ano, da área de Humanidades, cumprimentando as assistentes operacionais com um sorriso largo.
Ao saber que a Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais é a segunda pública mais bem classificada no ranking das escolas, Catarina também não mostra surpresa.
“Não duvido das nossas capacidades. As notas foram boas, os professores são bons. Ao longo dos três anos tive sempre a mesma professora, é bom para mantermos o ritmo e os mesmos métodos de trabalho, temos sempre apoios, uma hora de apoio a cada disciplina de exame, a Português, História e quando há o fim das aulas, os professores disponibilizam-nos horas para revisão de matéria”, conta a aluna.
“E isso é fundamental, estamos acompanhados. Não estudamos por conta própria. Desde o 10.º ano é logo a aposta e é incrível.”
Com média de 15 valores, Catarina sonha ser professora: “Quero seguir o ensino, fui delegada de turma e estive no conselho pedagógico e gostava das temáticas faladas, ajudar os alunos a ultrapassar as barreiras, desde pequena que dizia que queria ser professora primária, sempre ajudei os meus colegas nas áreas que não sabiam e eles ajudam-me a mim”.
Aposta ganha para o diretor da escola de Mortágua, Rui Costa, que garante que nenhum aluno fica para trás.
“Este ranking vem premiar e confirmar o nosso lema, que é: “nenhum aluno fica para trás, porque cada aluno conta, e a diferenciação pedagógica é fundamental para que nenhum aluno fique para trás e só se consegue com um trabalho específico e orientado em sala de aula”, explica Rui Costa, recordando outros resultados no passado recente.
“Eu sabia que os nossos resultados de 2020/2021, tinham sido bastante bons, tínhamos uma média no Português no 12.º ano, de 15,4%, é com satisfação e orgulho que recebi esta notícia, mas nós já no ano passado, relativo a 2019 a 2020, já tínhamos tido a melhor nota a nível nacional, a Matemática Aplicada às Ciências Sociais. Mas quem está de parabéns são os alunos, eles é que são os heróis. Foi um ano difícil de pandemia. E fizeram um esforço grande todos”, realça o responsável.
A Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais, em Mortágua, tem perto de 240 alunos, do 9.º ao 12.º ano e 55 docentes, sendo “a maioria docentes experientes pertencentes aos quadros, muito competentes, preocupados com o bem-estar dos alunos”, realça o diretor.
No exame de Português, a Escola de Mortágua foi a oitava melhor e o contexto económico de muitos alunos não se reflete nos resultados. O estabelecimento tem 32,5% de alunos a beneficiar do apoio da Ação Social Escolar (ASE), quando a média nacional é de 21,4%.
De notar ainda que ao nível da escolaridade, os pais destes alunos têm, em média, menos dois anos do que a média nacional: os pais têm cerca de sete anos e meio, enquanto as mães têm nove anos e meio.
Sobre as estratégias seguidas neste estabelecimento escolar de Mortágua, Rui Costa aponta que “tem a ver com todo o percurso no agrupamento, sendo uma escola pequena, havendo uma relação de proximidade e uma grande preocupação com o bem-estar, que aumentou em tempos de pandemia”.
“A preocupação constante diária, com eles, como se sentem, para se intervir nos casos de maiores dificuldades. O bem-estar é uma prioridade e sempre foi. Estando os alunos bem e havendo empatia entre os alunos e os funcionários e os docentes e os alunos”, pois, argumenta Rui Costa: “sem empatia não se aprende, há uma grande empatia”.
O docente de Geografia é diretor do Agrupamento de Escolas de Mortágua há 12 anos, agrupamento que contempla a Escola Básica Dr. Afonso Abrantes, a Escola Básica 2,3 Dr. José Lopes de Oliveira e a Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais. “A escola não trabalha para os rankings, mas para a qualidade do sucesso dos nossos alunos”, conclui Rui Costa.
E fora da sala de aula, a aluna Catarina Almeida aponta o sucesso à assistente operacional D. Júlia, a quem não poupa elogios.
“Sempre conheci a D. Júlia na papelaria, sempre nos chamava para ir comprar canetas novas, super simpática e agora está no bar, sempre super simpática também”, observa a aluna do 12.º ano.
Júlia Durães, de 47 anos, está na escola de Mortágua há 27. “Sempre foi uma relação muito boa. Eu conheço os alunos desde pequeninos. Temos excelentes alunos, e sempre os mesmos professores durante os três anos é uma mais valia”, conclui a assistente.