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Covid-19 mostrou a “péssima organização dos sistemas de informação em Saúde em Portugal”

11 jul, 2022 - 09:04 • Filipa Ribeiro com redação

Apesar de defender que a pandemia ainda não acabou, Henrique Barros afasta a possibilidade de em Portugal se regressar aos cenários do primeiro ano de pandemia.

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A diminuição da esperança média de vida da natalidade e dos hábitos alimentares são algumas das consequências da pandemia de Covid-19 que continuam presentes na sociedade. A conclusão é do relatório divulgado esta segunda-feira pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS).

À Renascença, o presidente do conselho, Henrique Barros, realça quais as principais causas para este comportamento da população.

“Por exemplo, a enorme quantidade de tempo que Portugal teve as escolas fechadas. Portugal foi um dos países que não só nas escolas, mas noutros aspetos, teve os confinamentos mais marcados e isto modifica de uma forma extraordinária os nossos relacionamentos sociais, a nossa saúde mental e esses são aspetos que poderíamos ter talvez todos em conjunto acautelado melhor”, destaca.

“Nós optámos pela forma mais radical, mais eficaz, mas também a mais dura. Um outro aspeto que isto também deixou muito claramente é a péssima organização dos sistemas de informação em Saúde em Portugal”, acrescenta.

Na sua opinião, a falta de organização evidente durante a pandemia impediu que as medidas fossem tomadas de forma cautelosa.

O presidente do Conselho Nacional de Saúde diz, ainda assim, que é difícil saber o que se devia fazer de forma diferente aconselhando o Governo que em experiências futuras haja mais abertura para ouvir opiniões diferentes. “É muito difícil saber, mas nós não podemos experimentar muito. Mas o que fica mais marcado é que é importante criar mecanismos de participação na decisão muito mais abertos, independentemente de ser sempre necessário ter uma cadeia clara de comando e saber quem decide. Houve um certo movimento nisso. Por exemplo, o papel das autarquias foi muito importante a resolver localmente muitas dessas questões. As pessoas deviam ser mais convocadas a participar.”

Maior abertura do Governo e reforma dos serviços de Saúde

A maior abertura é uma das 10 recomendações apresentadas no relatório que recomenda também uma reforma na Saúde.

No relatório conclui-se ainda que pandemia acelerou a utilização de tecnologia e o investimento no sector da Saúde. Henrique Barros destaca que o investimento deve ir além da contratação de profissionais.

“Temos que definitivamente assumir o investimento na preparação para as crises sanitárias como central na nossa forma de olhar a saúde. Até há alguns anos nos olhávamos para a Saúde sobretudo como forma de responder às doenças. Ter profissionais de saúde, edifícios onde pudéssemos ser atendidos. Agora temos de perceber que além disso que é necessário olhar para a Saúde como organização da sociedade para prevenir tudo aquilo que possa ser previsível e não deixar que as coisas se arrastem”

Já para enfrentar as consequências e novas infeções, de acordo com Henrique Barros, é importante que haja uma articulação entre as várias áreas do Governo.

Apesar de defender que a pandemia ainda não acabou, Henrique Barros afasta a possibilidade de em Portugal se regressar aos cenários do primeiro ano de pandemia.

“Essa circunstância é absolutamente improvável. O vírus agora encontra população que já não está suscetível e por isso é que temos casos como nunca tivemos antes e a vida continua como se tudo fosse normal. Fundamentalmente o problema está a ficar resolvido, mas a Covid pode não ser o último e temos de estar preparados para responder a algo semelhante”, remata.

Criado em 2016, o CNS é um órgão independente de consulta do Governo, que visa garantir a participação dos cidadãos na definição das políticas de saúde e promover uma cultura de transparência e de prestação de contas perante a sociedade.

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