15 jul, 2022 - 20:25 • Pedro Mesquita , com redação
O climatologista Carlos da Câmara afirma que Portugal está a ser assolado por "fogos com uma intensidade nunca vista".
Em declarações à Renascença, o especialista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa fala numa "combinação explosiva" da seca com a onda de calor.
“Quando temos campos de golfe a arder no Algarve, quer dizer que foram atingidos níveis de stress nunca vistos e isso só devido às condições meteorologicamente excepcionalmente gravosas como aquelas que assolaram Portugal nos últimos cinco dias”, sublinha.
Vinte e cinco mil dos 38 mil hectares de área consumida pelas chamas deste o início do ano foram adicionados na última semana, com temperaturas escaldantes registadas em Portugal.
Portugal assolado por "fogos com uma intensidade nunca vista"
Carlos da Câmara diz que num incêndio registado esta sexta-feira, em Montesinho, a energia libertada chegou aos 950 megawatts, “mais de três barragens da Aguieira em termos de energia por unidade de tempo”.
O caráter mais potente e imprevisível dos incêndios dificulta o pré-posicionamento de meios.
Nos últimos anos “as forças de combate, de antemão, sabiam onde é que poderia haver esses fogos com maior dificuldade em ser combatidos e já estavam previamente posicionadas. Nesta altura, é mais complicado porque o inimigo está em toda a parte e é muito difícil combater o fogo, porque depois do ataque do inimigo dificilmente ele vai ser dominado nos dias seguintes”, sublinha o climatologista.
Outro problema são as noites tropicais, com temperaturas de 25 e mais graus, com pouca humidade e vento, afirma Carlos da Câmara.
Professor Paulo Fernandes em declarações a Pedro Mesquita
Na última semana, os incêndios de maior dimensão têm deflagrado no Litoral.
Em declarações à Renascença, o professor Paulo Fernandes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), admite que o Interior esteja a ser menos fustigado devido à área queimada noutros anos.
Os incêndios florestais consumiram este ano mais de 38 mil hectares, cerca de 25.000 dos quais na última semana, a maior área ardida desde 2017, o ano da tragédia de Pedrógão Grande, segundos dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O professor Paulo Fernandes sublinha que as contas da área ardida só podem ser feitas no fim.