20 jul, 2022 - 09:28 • Joana Azevedo Viana
Roman Abramovich será talvez o mais famoso dos beneficiários da chamada Lei dos Sefarditas, criada pelo Estado português para conceder nacionalidade a quem prove que é descendente dos judeus que receberam ordem de expulsão de Portugal no final do século XIV.
O multimilionário russo e antigo dono do Chelsea viaja com passaporte português desde abril de 2021, embora a informação só tenha sido tornada pública no final desse ano. E esta semana foi revelado que outro oligarca russo próximo do Presidente Vladimir Putin também já tem nacionalidade portuguesa.
Ao que o jornal "Público" apurou, também Andrei Rappoport, que fez fortuna com a construção de redes e centrais elétricas, foi certificado como judeu sefardita pela Comunidade Israelita do Porto, tornando-se cidadão do país por despacho da então secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso, um ano e meio antes de Abramovich, em dezembro de 2019.
A par destes dois oligarcas com ligações ao Kremlin, adianta o jornal, pelo menos outros dois aguardam neste momento a obtenção de nacionalidade portuguesa. São eles Lev Leviev, conhecido como "o Rei dos Diamantes" e sócio da bilionária angolana Isabel dos Santos, e God Nisanov, um dos maiores promotores imobiliários da Rússia e que atualmente integra a lista de sanções dos EUA ao regime russo na sequência da invasão da Ucrânia.
Todos foram certificados como judeus sefarditas pela Comunidade Israelita do Porto, que continua sob investigação da Polícia Judiciária (PJ) por alegada corrupção, falsificação de documentos e branqueamento, a par de fraude fiscal e tráfico de estupefacientes, no âmbito da operação Porta Aberta, que foi iniciada em março.
Em junho, na sequência do mais recente pacote de sanções imposto pelos EUA a figuras do regime russo, Nisanov -- descrito como "um dos homens mais ricos da Europa" e "colaborador próximo de várias autoridades russas" pela diplomacia norte-americana --foi afastado pelo Congresso Mundial Judaico.