20 jul, 2022 - 17:04 • Rosário Silva
O primeiro-ministro admitiu esta quarta-feira, durante o debate do Estado da Nação, que “o país está pior”, por causa do impacto da inflação.
António Costa reagia, no Parlamento, à intervenção de João Cotrim de Figueiredo, líder da Iniciativa Liberal (IL), que acenou com uma sondagem da Universidade Católica, ao mesmo tempo que acusou o PS de “ambição medíocre”, sublinhando que o país “está mais pobre”.
Na resposta, o chefe do Governo não foi de meias palavras e confrontou o deputado liberal. “O senhor vinha-me fazer uma sondagem e perguntava-me: ‘O país está este ano melhor ou pior do que no ano passado?’ Eu dizia o que é óbvio: O país está neste momento pior do que estava no ano passado”.
Indignado, Costa voltou à carga para perguntar “como é que algum país, que está a sofrer o impacto da inflação como nós, pode estar melhor do que estava antes de estar a sofrer este impacto da inflação?”
“Acha que eu não pago contas de supermercado? Acha que eu não conheço as pessoas que enchem o seu depósito? Acha que eu não sei ler os números da inflação? Acha que eu não sei qual é a realidade social deste país?”, insistiu, para ironizar logo depois.
“Eu não sou da Iniciativa Liberal. Eu conheço bem quais são as necessidades dos cidadãos. O governar não é sempre achar que se está melhor, é quando se percebe que se estamos pior e há problemas para resolver, em vez de falar, falar, falar, devemos fazer, fazer, fazer para que as coisas melhorem e é esse o nosso compromisso com os portugueses”.
Estado da Nação
Uma das "principais medidas deste Orçamento", real(...)
Sobre as dúvidas lançadas por Cotrim de Figueiredo sobre as creches gratuitas, António Costa respondeu desta fora: “Acha mesmo que a União das Misericórdias e a Confederação das IPSS, que o padre Lino Maia, fazem o jeito de assinar hoje um acordo, porque dá jeito ao Governo apresentar neste debate, hoje?”.
O primeiro-ministro lembrou ainda que “vivemos numa sociedade livre”, onde o setor solidário e social “é um espaço de cidadania e de liberdade, mas para a IL, sustenta Costa, "deixa de o ser, porque comete esse pecado terrível que é assinar um acordo com o Estado para poder desenvolver valências fundamentais, como seja o serviço das creches e assegurar a sua gratuitidade”.
Recorde-se que o primeiro-ministro anunciou, na abertura do debate, que chegou a acordo com as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) para que as creches sejam gratuitas no primeiro ano.
"Posso anunciar que hoje mesmo, concluímos um acordo com a União das Misericórdias e a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade que assegura o cumprimento de uma das principais medidas do Orçamento para este ano: a gratuitidade das creches para as crianças que entram já em setembro no primeiro ano”, anunciou, António Costa.
Sem revelar pormenores, nomeadamente em termos financeiros, o primeiro-ministro congratulou-se com este acordo, de resto, uma das “bandeiras” do Orçamento do Estado para 2022.