22 jul, 2022 - 12:30 • Lusa
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, considerou esta sexta-feira que a obra do plano geral de drenagem da cidade será o legado que irá deixar aos lisboetas, já que será a maior do seu mandato.
Carlos Moedas falava nos Paços do Concelho, em Lisboa, após a assinatura com o Banco Europeu de Investimento do contrato relativo à última parcela de 90 milhões de euros de um empréstimo-quadro de 250 milhões de euros, concedido ao abrigo do Plano de Investimento para a Europa, para melhorar a regeneração urbana na cidade.
“Este contrato representa muito, representa hoje tornar o invisível em visível. Há um legado que vou deixar seguramente, que é transformar aquilo que é invisível em visível e esta obra é invisível aos olhos das pessoas, mas será a maior obra em Lisboa no nosso mandato”, afirmou Carlos Moedas.
O presidente da autarquia explicou que a obra mudará Lisboa “a 70 metros de profundidade”, pelo que “as pessoas não vão ter oportunidade de ver essa mudança, esses túneis de cinco metros de diâmetro que vão evitar que as cheias aconteçam”.
E lembrou as cheias “tantas vezes” vividas nas ruas de Santa Marta e São José, em Alcântara ou na Baixa Lisboeta.
Carlos Moedas salientou ainda que uma das coisas que a luta contra o clima tem, e “que é terrível para quem a faz”, é que as pessoas não notam aquilo que se está a mudar no âmbito do combate às alterações climáticas.
Por seu lado, o vice-presidente do BEI, Ricardo Mourinho Félix, disse que “o empréstimo de 90 milhões de euros para o município de Lisboa ajudará a cidade a combater as alterações climáticas e a preparar-se melhor contra eventos climáticos severos, como inundações e tempestades”.
“Este financiamento da União Europeia surge numa altura em que as cidades se deparam com vários desafios fundamentais e o Banco Europeu de Investimento (BEI) orgulha-se de fazer parte da solução, com benefícios visíveis e tangíveis para os cidadãos de Lisboa hoje, mas também para as gerações futuras”, acrescentou.
O Plano Geral de Drenagem de Lisboa, com o período de execução 2016-2030, vai proteger a cidade para os impactos das alterações climáticas, nomeadamente evitar cheias e inundações, permitir a reutilização de águas e diminuir a fatura da água potável, estando prevista a construção de dois grandes túneis, um entre Monsanto e Santa Apolónia e outro entre Chelas e Beato, num investimento total de 250 milhões de euros.
Um dos túneis vai implicar cinco estaleiros, que estarão na Avenida da Liberdade, Rua de Santa Marta, Avenida Almirante Reis, Santa Apolónia e Campolide.
Carlos Moedas disse ainda na cerimónia que as obras “vão causar incómodo” aos lisboetas, mas espera que “seja o menor possível”.
A proposta da Câmara de Lisboa para a contratação de um empréstimo, até 90 milhões de euros, junto do Banco Europeu de Investimentos, para aplicação exclusiva ao Plano Geral de Drenagem, foi aprovada na terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa, tendo sido viabilizada com 72 votos a favor e um voto contra do deputado único do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, e dois ausentes, Margarida Penedo (CDS-PP) e Francisco Peres (PSD).
O contrato é para “aplicação exclusiva ao Plano Geral de Drenagem”, nomeadamente a implementação de duas das suas obras estruturantes, o túnel Monsanto - Santa Apolónia, com cerca de cinco quilómetros de extensão e 5,5 metros de diâmetro, e o túnel Chelas - Beato, com cerca de um quilómetro de extensão e igual diâmetro, “numa solução pensada para resolver, entre 70% a 80%, os riscos de inundações na cidade de Lisboa e, portanto, com forte impacto na resiliência da cidade e proteção dos seus habitantes e futuras gerações”, lê-se na proposta da câmara.