26 jul, 2022 - 08:55 • Olímpia Mairos , com redação
Para esta terça-feira está marcada uma nova reunião entre os sindicatos dos médicos e o ministério da Saúde. Em causa continuam a estar as negociações, numa altura marcada pela falta de profissionais para assegurar os picos de entrada nas urgências
Durante três anos, a ministra da Saúde não quis ouvir nem reunir com os sindicatos dos médicos. Este, é por isso, um processo novo, mas, ainda assim, há esperança, diz à Renascença Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
“São expectativas positivas. No entanto, algumas dificuldades nos aparecem: em primeiro lugar, dificuldade em reconhecer a dimensão do problema, o tempo que demorou para perceber os alertas que nós fizemos, nomeadamente na necessidade da contratação de médicos; por outro lado, medidas para evitarem a saída de médicos do Serviço Nacional de Saúde e as dificuldades que os portugueses têm tido no acesso aos seus médicos de família, há cerca de 1.400.000 portugueses sem médico”, detalha.
Segundo Roque da Cunha, “o aumento das listas de espera para as consultas e cirurgias também é alvo evidente. A atitude de tentar ocultar o problema, dizer que não aconteceu nada, não nos parece uma grande esperança”.
No entender do secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, a prioridade é só uma: o investimento no Serviço Nacional de Saúde e que este aconteça não em palavras, mas sim na prática.
Referindo que “um médico especialista em 40 horas aufere líquidos 1. 800 euros”, Roque da Cunha defende “incentivos à formação desses médicos em exercício”, notando que “a formação é paga integralmente por parte dos médicos”.
Defende ainda “condições de trabalho efetivas para melhorar o acesso das pessoas às consultas. Ao mesmo tempo, também fazer com que os serviços de emergência médica possam contar com médicos efetivamente no seu desempenho”.
“Na prática, e, em resumo, criar as condições para que o Serviço Nacional de Saúde tenha mais médicos e não tenha menos médicos que aquilo que tem acontecido nos últimos anos”, resume.
No passado domingo foi promulgado o diploma que paga mais aos médicos acima das 150 horas extra. Roque da Cunha acredita que vários profissionais vão fazer mais horas, não devido à promulgação, mas sim porque era algo que já acontecia antes.
Também Noel Carrilho, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), diz serem muitos os médicos que já fazem horas extras diariamente. Discutir sobre tabelas remuneratórias e a valorização da profissão de médico é uma das prioridades que espera ver neste protocolo negocial.
“Uma das nossas principais exigências é precisamente que se discuta uma tabela remuneratória, uma grelha, uma grelha salarial para os médicos, que não é atualizada há muitos anos e que já é perfeitamente irrealista perante aquilo que é a responsabilidade e até a penosidade do trabalho médico no Serviço Nacional de Saúde”, refere.
O presidente da Federação Nacional dos Médicos quer ver contempladas também outras questões não remuneratórias de condições de trabalho, como o descanso, a valorização do desgaste da profissão médica e também do risco.
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