29 jul, 2022 - 15:29 • Fábio Monteiro , Pedro Mesquita
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) admite, em resposta a questões colocadas pela Renascença, terem ocorrido “constrangimentos pontuais na rede SIRESP, motivados por uma sobrecarga da rede devido a uma deficiente utilização da mesma”, nos incêndios que assolaram Leiria, há duas semanas.
Esta sexta-feira a Renascença revelou, tendo por base vários testemunhos de operacionais que estiveram no terreno, que existiram “falhas constantes” do SIRESP, no combate às chamas no distrito. Em algumas situações, os bombeiros foram obrigados a recorrer a sistemas alternativos, como email, rádio e telemóvel.
De acordo com a ANEPC, “antevendo possíveis constrangimentos a nível das comunicações, num contexto que envolvia um elevado número de operacionais”, havia sido colocado no distrito um veículo repetidor do sinal da rede SIRESP.
“Logo que as dificuldades foram reportadas pelos operacionais, através dos postos de comando, a viatura foi ativada, tendo os constrangimentos sido colmatados de imediato, em estreita articulação com o Centro de Operações e Gestão da SIRESP”, lê-se.
A ANEPC garante ainda que “em nenhum momento” a rede SIRESP deixou de funcionar e ocorreram apenas “situações de atrasos de poucos segundos na entrada” de comunicações.
O testemunho dos comandantes de bombeiros ouvidos pela Renascença, todavia, contrariam as declarações da ANEPC. Guilherme Isidro, comandante dos Bombeiros Voluntários de Ourém, contou ter “um período de uma hora em que de facto ficamos 'às escuras'”.
Pedro Paz, 2.º comandante dos bombeiros voluntários de Ansião, no combate às chamas na localidade de Mogadouro, foi obrigado a “ir ao posto de comando recolher alguns contactos telefónicos de outros elementos que estavam afetos ao mesmo [incêndio]”. “Quando precisei de os contactar, teve de ser via telemóvel. Não conseguia via SIRESP”, disse.
O PSD já reagiu a esta notícia Renascença. O maior partido da oposição exige ao Governo que garanta o funcionamento do SIRESP, o sistema integrado de gestão de redes de segurança e emergência.
"Esta rede tem dado consecutivamente vários problemas ao longo dos anos, têm sido divulgadas as enormes dificuldades do funcionamento deste sistema que pelos visto se mantém e o Estado português tem efetivamente de garantir que esta rede funciona", defendeu esta sexta-feira Andreia Neto, vice-presidente da bancada social-democrata.