30 jul, 2022 - 15:19 • Hugo Monteiro , Inês Rocha com Lusa
Não há, por enquanto, necessidade de implementar medidas restritivas ou mais agressivas para conter a varíola dos macacos em Portugal. Os médicos de saúde pública dizem que a situação é relativamente calma no país. Bastante diferente do que se passa em Espanha, que já regista duas vítimas mortais por infeção com o virus Monkeypox e quase 4.300 casos.
Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), considera ainda não ser necessário fazer como Nova Iorque, que declarou o estado de emergência, para mobilizar recursos e fundos para combater a doença.
"Neste momento não vejo necessidade de assumirmos algum comportamento mais restritivo ou agressivo no combate a esta doença. Não temos um aumento substancial de casos, por isso nesta fase penso que não haverá necessidade de aumentar o nível de alerta. Se a situação se agravar, com um aumento rápido do número de infeções, poderemos ter de tomar outras medidas", disse, em declarações à Renascença.
O facto de Portugal ainda não ter tido nenhum caso particularmente grave ou mortal, para o médico, pode ser explicado por "termos a infeção a circular numa população jovem, maioritariamente saudável, em que aqueles que têm alguma comorbilidade, devido à sua juventude, têm conseguido resistir".
Mesmo assim, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública sublinha que está, agora, provado, que o vírus pode ser mortal, pelo que apela ao cuidado individual como forma de travar o avanço da doença.
"É mais um alerta para a nossa população saber que se deve proteger, deve minimizar os contactos de risco e caso seja identificado como caso positivo, evitar todo e qualquer contacto próximo das pessoas com quem convive".
Portugal tem, nesta altura, 633 casos de varíola dos macacos confirmados.
Já Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Europa disse hoje que prevê
um aumento do número de mortes ligadas à varíola, após o anúncio das
primeiras mortes fora de África.
A organização sublinha, no entanto, que as complicações graves mantêm-se raras.
Desde sexta-feira que foram anunciadas duas mortes de pessoas que estavam infetadas com varíola, uma em Espanha e outra no Brasil, sem que se saiba se o vírus é, de facto, a causa do óbito.
O número de mortes registadas com varíola, desde maio, sobe assim para oito, com os primeiros casos a serem registados em África, onde a doença é endémica e foi detetada pela primeira vez em humanos em 1970.
“Tendo em conta a continuidade da propagação da varíola na Europa, prevemos mais mortes”, declarou num comunicado de imprensa uma das responsáveis do serviço de emergência da OMS para a Europa Catherine Smallwood.
O objetivo deve ser o de “interromper rapidamente a transmissão do vírus na Europa e colocar um fim a esta epidemia”, defende Catherine Smalwood que, salienta, no entanto, que a doença, na maioria dos casos, cura-se por si só, sem necessidade de tratamento.
“A notificação de mortes relacionadas com a varíola não altera a nossa avaliação da epidemia na Europa. Sabemos que, mesmo resolvida espontaneamente na maioria dos casos, a varíola pode levar a complicações graves”, apontou.
As autoridades espanholas não deram, até agora, a causa precisa da morte uma vez que aguardam os resultados da autópsia, enquanto as autoridades brasileiras destacam que o homem que faleceu “sofria de outras complicações graves”.
A OMS acionou, em 24 de julho, o nível mais alto de alerta, a emergência de saúde pública de interesse internacional, para reforçar a luta contra a varíola, também chamada de varíola dos macacos.