06 ago, 2022 - 14:48 • Lusa com Redação
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou este sábado a morte de Ana Luísa Amaral, uma escritora “veementemente do seu tempo”, destacando a singularidade das suas obras.
Numa nota publicada na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que entre a primeira “poesia reunida” de Ana Luísa Amaral, publicada em 2005, e a segunda, em 2010, “tornou-se claro que nenhum roteiro da poesia portuguesa das últimas décadas ficava completo sem Ana Luísa Amaral, não pelas semelhanças com outros, mas pelas singularidades: determinada temática, determinada imagética, e uma certa toada, melódica e dissonante, tocante e irónica”.
“Escapando à homogeneidade um pouco fictícia das ‘gerações’, Ana Luísa Amaral não deixou de ser veementemente do seu tempo; diversificando os seus trabalhos, produziu uma incindível unidade”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.
“Para usarmos os versos de um dos seus poemas mais conhecidos, podemos dizer que o ‘excesso mais perfeito’ é aquele que abdica da soberba mas não da ambição”, acrescentou.
Lamentando “com grande pesar” a morte da escritora, o Presidente da República lembrou que, em abril, Ana Luísa Amaral foi condecorada com o grau de Comendador da Ordem de Sant’Iago da Espada e que a entrega das insígnias estava prevista para a abertura da Feira do Livro do Porto, no final deste mês, “onde seria, e será, homenageada”.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda a carreira universitária da escritora, na Universidade do Porto, e a intervenção cívica, com a tese sobre Dickinson, os ensaios sobre as “Novas Cartas Portuguesas”, o “Dicionário de Crítica Feminista”, bem como “o empenhamento em causas culturais, sociais e políticas”.
Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, enalteceu a poetisa Ana Luísa Amaral como “uma das maiores vozes da poesia portuguesa contemporânea”, numa publicação na sua conta oficial no Twitter.
“Deixou-nos, demasiado cedo, Ana Luísa Amaral, uma das maiores vozes da poesia portuguesa contemporânea. Tradutora, professora de literatura e uma referência dos estudos feministas em Portugal, deixa uma extensa obra poética, onde concilia o trivial com uma elevada erudição. À sua família e amigos, expresso as minhas sinceras condolências”, lê-se na mensagem deixada por António Costa.
A Feira do Livro do Porto, que tem início em 26 de agosto, “terá de mudar de tom”, mantendo-se “alegre, mas celebratória e emotiva” na homenagem à poeta Ana Luísa Amaral que morreu sexta-feira, disse hoje fonte da autarquia.
“Foi com grande surpresa que soubemos a notícia, tanto mais que a Ana Luísa Amaral tinha estado connosco no dia 28 de julho quando fizemos a conferência de imprensa de anúncio da Feira do Livro do Porto. A própria Ana Luísa interveio e disse coisas maravilhosas e leu um poema como só ela o sabe ler”, disse Nuno Faria.
Em declarações à agência Lusa, o diretor artístico do Museu da Cidade e programador da Feira do Livro do Porto contou que, após receber a notícia da morte da poeta Ana Luísa Amaral, escritora escolhida pela organização da feira para a homenagem deste ano, falou com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, com o qual combinou os “ajustes” que terão de ser feitos ao programa, mas recebeu a garantia de que o evento será “ainda mais celebratório”.
“A feira terá, inevitavelmente, de mudar de tom, mas queremos que seja uma feira alegre e celebratória. Será muito emotiva sem dúvida. Teremos de fazer ajustes porque a Ana Luísa teria um papel muito ativo”, descreveu.
O Grupo Porto Editora reagiu com “profundo pesar”, à morte da poeta Ana Luísa Amaral, lembrando que a sua obra está publicada em diversos países e mereceu inúmeras distinções e prémios em Portugal e no estrangeiro.
Numa nota enviada à agência Lusa, e dirigida “à família, amigos e leitores” de Ana Luísa Amaral, o grupo editorial que inclui a editora Assírio & Alvim recorda a escritora que morreu na sexta-feira, aos 66 anos, vítima de doença prolongada.
“O Grupo Porto Editora manifesta o seu profundo pesar pela morte de Ana Luísa Amaral. A sua obra está publicada em diversos países e mereceu inúmeras distinções e prémios em Portugal e no estrangeiro. Foi também a autora escolhida para ser homenageada na Feira do Livro do Porto, que arranca ainda este mês”, lê-se na nota.
A Porto Editora lembra a escritora, tradutora e professora universitária pela “vasta obra publicada entre poesia, teatro, ficção, ensaio e literatura infantojuvenil” e recorda que, em maio, a Assírio & Alvim, publicou a antologia “O Olhar Diagonal das Coisas”.
“À família, amigos e leitores, o Grupo Porto Editora apresenta as suas sentidas condolências”, lê-se ainda na nota.