12 ago, 2022 - 08:47 • Cristina Nascimento , Olímpia Mairos
Apesar de os meios no terreno estarem a ser reforçados, o fogo na Serra da Estrela continua ativo, em especial no concelho da Guarda.
Valhelhas, por exemplo, acordou, de novo, envolta em fumo e com um cheiro a terra queimada intenso.
Os trabalhos da noite avançaram, mas ainda há motivo de preocupação, como admitiu à Renascença o comandante regional de Emergência e Proteção Civil, Elísio Oliveira: "Temos partes do perímetro do incêndio em consolidação de rescaldo. Continuamos a ter pontos muito quentes. Há uma frente ativa que nos preocupa."
"O potencial de evolução do incêndio neste lado é grande”, reforça o responsável.
“Temos toda a área com bastantes meios a combate, quer seja com equipas apeadas, com máquinas de rastos, que trabalharam durante toda a noite, que estão a ser reforçadas já este momento em que aquilo que nós pretendemos é criar a descontinuidade entre aquilo que não ardeu e a parte onde está o incêndio”, acrescenta.
Os meios aéreos só devem poder entrar em ação dentro de duas horas, sobretudo por falta de condições de visibilidade.
Elísio Oliveira explica que “é como se o condutor de um automóvel entrasse numa zona com nevoeiro: tem que diminuir a velocidade e circular com muito mais cuidado. Se entendermos que o voo destas aeronaves é visual, portanto, o piloto tem que ter a capacidade de visualizar e programar todo o seu trajeto para fazer a intervenção, estamos a falar aqui de uma atividade de risco”.
“Não existem condições para que os meios trabalhem. Ou seja, se abríssemos aqui os centros de meios aéreos mais cedo, não teríamos aqui condições e poderia ter 100 meios aéreos disponíveis, mas a esta hora, eles não conseguiriam ver o que estava à sua frente, que são montanhas”, conclui o comandante regional.
Quanto ao que se pode esperar para esta sexta-feira, no que toca às previsões meteorológicas, será semelhante ao de ontem, sendo que o comandante Elísio Oliveira lembrou que o fim de tarde de quinta-feira foi muito complicado.
Um dos momentos mais difíceis foi vivido na localidade de Quinta da Taberna, onde 20 habitações acabaram destruídas.
Nos últimos sete dias mais de 15% da área do Parque Natural da Serra da Estrela foram destruídos pelo incendio que começou na Covilhã.
De acordo com o Sistema de Informação Europeu sobre Incêndios, na Serra da Estrela já arderam mais de 14 mil hectares.