13 ago, 2022 - 15:37 • Lusa
O diretor regional adjunto do Centro do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Elmano Silva, assumiu hoje que a "prioridade" pós-incêndio na Serra da Estrela será a recuperação do ecossistema do Parque Natural.
"A área afetada é, para o parque, uma área muito sensível e, obviamente, tem prejuízos. A recuperação irá iniciar-se agora. Os trabalhos técnicos de levantamento, de maior severidade, são prioridade do instituto e é um trabalho que já se começou", assumiu.
Elmano Silva falava na última conferência de imprensa organizada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), na Junta de Freguesia de Valhelhas, Guarda, tendo em conta que o incêndio "está em trabalho de vigilância e consolidação" de "pontos quentes".
O incêndio deflagrou na madrugada do dia 6 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e as chamas estenderam-se depois ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.
A proteção civil deu-o como dominado pelas 23h36 desta sexta-feira e, hoje apontou que "poderá ser declarado como completamente extinto" em "mais um ou dois dias".
O presidente da Câmara considera que " país ainda (...)
Elmano Silva explicou aos jornalistas que "a primeira medida que se faz de recuperação é mesmo deixar as espécies e a área afetada recuperar por si próprias", mas, acrescentou que "o conhecimento técnico permite também acelerar essa recuperação".
"E é nisso que o instituto irá focar toda a sua atenção para essa recuperação", apontou este responsável, que adiantou que "a prioridade máxima" é a "da severidade dos solos que é a base de toda a sustentação do ecossistema".
"Em relação à água, é sempre uma perturbação que é colocada neste processo, mas também há medidas de mitigação que, tecnicamente, estão pensadas para, envolvendo o solo, canalizar e ajudar neste processo de recuperação do ecossistema que irá ocorrer nas próximas semanas", reconheceu.
Presente na conferência de imprensa conjunta, o vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã, José Serra dos Reis, disse que o Parque Natural "não está risco, como também não está em risco o geoparque" situado no concelho.
"O parque continua com uma área muito significativa para ser "vendido" como marca turística. Houve, de facto, uma área afetada, mas nós iremos trabalhar e deixá-la melhorada. Há espécies que demoram algum tempo a repor, mas há técnicas e fórmulas de requalificar na reabilitação das áreas ardidas", assumiu.
José Serra dos Reis contou ainda que "foram referenciadas 67 ocorrências" de incêndio no concelho da Covilhã, o que faz com que seja "o ano de mais ocorrências".
"Também não é nada normal", no mesmo sítio, em Vila do Carvalho, "terem acontecido sete ocorrências", referiu ainda.
"Depreendo, atendendo ao número de ocorrências no mesmo local, que alguém está a fazer mal deliberado, ou por doença, enfim, tudo poderá acontecer. Mas estamos a investigar e as forças policiais, a quem compete fazer este trabalho, estão já a trabalhar no terreno", o autarca referindo-se à GNR e Polícia Judiciária.