18 ago, 2022 - 08:50 • Fátima Casanova , Marta Pedreira Mixão
Desde abril de 2019 que Portugal tem uma lei que introduziu restrições à publicidade alimentar dirigida a menores de 16 anos, agora a Direção-Geral de Saúde (DGS), no âmbito de um estudo em colaboração com a Organização Mundial da Saúde Europa, está a recrutar crianças e adolescentes para um estudo que procura perceber o tipo de publicidade alimentar dirigida a estes jovens.
A lei visa géneros alimentícios e bebidas que contenham elevado valor energético, teor de sal, açúcar, ácidos gordos saturados e ácidos gordos transformados.
Em declarações à Renascença, a diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável e responsável pela coordenação do estudo explica que este consiste na instalação de uma aplicação num telemóvel ou tablet que recolherá a informação dos anúncios.
“Aquilo que estamos a fazer é recrutar uma amostra de crianças e adolescentes portugueses que vamos convidar, durante um período de quatro semanas, a instalar uma aplicação nos seus dispositivos móveis, que poderão ser telemóveis ou tablets e, essa aplicação permite, de forma automática, captar todos os anúncios aos quais todas as crianças e jovens foram expostos enquanto navegavam em diferentes redes sociais e plataformas”, detalha Maria João Gregório.
Desta forma, para a realização do estudo, a DGS está a recrutar crianças e adolescentes entre os 3 e os 18 anos, que utilizem dispositivos móveis com sistema operativo Android, para avaliar a exposição ao marketing digital de alimentos e bebidas.
Segundo Maria João Gregório, neste momento, já há cerca de 200 inscrições, mas apenas 60 já iniciaram a sua participação no estudo através da instalação da aplicação.
A responsável pelo estudo alerta ainda que os estudos feitos até então, “nos meios de comunicação mais tradicionais, na maioria dos casos, a publicidade a alimentos não saudáveis é, claramente, muito superior à publicidade de alimentos saudáveis e sabemos que, de facto – porque a evidência científica nos mostra isso –, as preferências das crianças, são influenciadas pelo marketing de alimentos”.
Além de avaliar a exposição das crianças e adolescentes ao marketing digital de alimentos e bebidas, os dados recolhidos terão também como finalidade alertar os pais, encarregados de educação e famílias para os riscos associados a esta exposição. A informação torna-se, particularmente importante, numa altura em que cada vez mais crianças passam uma grande parte do tempo em frente a um ecrã, o que, salienta Maria João Gregório, aumenta a possibilidade de serem expostas a um número de anúncios relevante.
O formulário para a inscrição no estudo encontra-se disponível no site da DGS.