18 ago, 2022 - 12:34 • Ricardo Vieira e Diogo Camilo
Portugal encetou contactos, mas a União Europeia não tinha disponibilidade de meios para ajudar nos incêndios dos últimos dias, afirmou esta quinta-feira o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), André Fernandes.
“O mecanismo europeu de proteção civil é utilizado também naquilo que tem a ver com a disponibilidade dos meios existentes no próprio mecanismo. Nós fizemos os contatos com os diferentes Estados, através do nosso contacto direto com Bruxelas, onde está a sede do mecanismo. E os outros países todos também estiveram envolvidos com grandes incêndios e, portanto, não houve essa disponibilidade de meios”, declarou o comandante da ANEPC.
André Fernandes adianta que aviões Canadair de Espanha estiveram a ajudar a combater o incêndio da Serra da Estrela, durante alguns dias, ao abrigo de um acordo entre os dois países ibéricos.
“Acima de tudo, houve ajuda bilateral com Espanha durante alguns dias, com Canadair espanhóis que atuaram no incêndio da Serra da Estrela. Sempre que houve essa disponibilidade e esse contacto direto, existe essa manutenção e monitorização das disponibilidades. Foi esta a lógica utilizada”, declarou o responsável, em conferência de imprensa.
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“Houve sempre estes contactos, esta monitorização e a ligação com o Mecanismo e com Espanha e aqui houve o acionamento do acordo bilateral e houve meios a atuar em Portugal”, sublinhou.
Questionado pelos jornalistas, o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil esclareceu que não houve um pedido formal de acionamento do Mecanismo Europeu de Proteção Civil para o incêndio da Serra da Estrela, porque não havia meios disponíveis.
“Esse pedido foi feito na lógica do contacto e desta monitorização. Não chegou a ser feito em virtude de a Europa estar com esta situação complexa, não havia meios disponíveis. Não houve este acionamento do Mecanismo porque já tinham sido acionado por outros países os meios estarem noutros países”, adiantou André Fernandes.
Estas declarações acontecem um dia depois de o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, ter questionado o Governo sobre a razão de o Mecanismo Europeu de Proteção Civil não ter sido acionado para o incêndio da Serra da Estrela.
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No briefing diário da Proteção Civil, o comandante André Fernandes dá conta de seis incêndios em conclusão e em vigilância.
Nas duas maiores ocorrências em fase de resolução, na Serra da Estrela e nas Caldas da Rainha, estão envolvidos mais de 1.500 operacionais em operações de consolidação e de rescaldo dos fogos, apoiados por 515 meios terrestres e cinco meios aéreos.
Na Serra da Estrela receberam assistência médica 77 pessoas, tendo sido registados 24 feridos ligeiros e três feridos graves. Nas Caldas da Rainha foram assistidas quatro pessoas, com dois feridos ligeiros e uma morte.
André Fernandes lembrou ainda que o aumento da temperatura e a baixa humidade relativa do ar pode levar a um “agravamento das condições meteorológicas para os incêndios rurais” nos próximos dias.