19 ago, 2022 - 15:46 • Lusa
A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) considera que a vacina autorizada na União Europeia contra a Monkeypox pode ser administrada também como injeção intradérmica numa dose mais baixa, permitindo assim proteger mais pessoas.
O parecer da EMA surge depois de a "task force" de emergência da agência ter analisado dados sobre aquela vacina e concluído que a mesma, atualmente só autorizada para injeções subcutâneas (sob a pele), também poder ser utilizada por via intradérmica (injeção logo abaixo da camada superior da pele), desde que numa dose menor, apontando que, desta forma, e face ao "fornecimento atualmente limitado da vacina", mais pessoas podem ser vacinadas.
A "task force" analisou dados de um ensaio clínico envolvendo cerca de 500 adultos, que comparou a vacina em função da administração por via intradérmica ou por via subcutânea - duas doses, com um intervalo de quatro semanas entre cada dose --, apontando que as pessoas vacinadas por via intradérmica receberam um quinto (0,1 ml) da dose subcutânea (0,5 ml), "mas produziram níveis de anticorpos semelhantes aos que receberam a dose subcutânea mais elevada".
A agência advertiu que há um maior risco de reações locais -- como por exemplo vermelhidão mais duradoura, e espessamento ou descoloração da pele - após injeções intradérmicas, aconselhando a utilização de seringas de baixo volume morto para otimizar o número de doses que podem ser extraídas, e sublinhando também a importância de estas vacinas serem administradas apenas pelos profissionais de saúde com experiência em dar injeções intradérmicas.
A maioria dos casos reportados concentra-se na reg(...)
"Tendo em conta todas estas considerações, as autoridades nacionais podem decidir, como medida temporária, utilizar Imvanex como injeção intradérmica numa dose mais baixa para proteger indivíduos em risco durante o atual surto de varíola macaco, enquanto o fornecimento da vacina permanece limitado", lê-se no comunicado divulgado hoje à tarde pela EMA.
A vacina Imvanex foi autorizada pela primeira vez em circunstâncias excecionais em 2013 para a proteção contra a varíola e, na sequência de um pedido para alargar a sua utilização, foi autorizada para proteção contra a doença Mokeypox, ou varíola dos macacos, a 22 de julho passado.
A comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, já saudou a recomendação de hoje da agência europeia, considerando que a mesma "é extremamente importante, pois permite a vacinação de cinco vezes mais pessoas com o fornecimento de vacinas" disponíveis atualmente, assegurando designadamente "um maior acesso à vacinação aos cidadãos em risco e aos profissionais de saúde".
"Continuaremos a coordenar estreitamente a nossa resposta a este surto com os nossos Estados-membros nas próximas semanas e meses em questões vitais como o aumento da comunicação de dados, a definição de estratégias de vacinação, a prestação de informações claras aos nossos cidadãos e a obtenção de terapêuticas e de mais vacinas", acrescentou.
O vírus circula em 92 países e já registou mais de(...)
De acordo com dados divulgados na quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS), o número de casos confirmados em Portugal de infeção pelo vírus Monkeypox subiu para 810, mais 40 do que o total comunicado na semana passada.
A maioria dos casos reportados concentra-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (582), seguindo-se a região do Norte (107).
Segundo a informação hoje divulgada pela DGS, dos 729 casos de infeção indicados até quarta-feira ao Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, a maior parte (308) são pessoas entre os 30 e os 39 anos e homens (723).
A 16 de julho foi iniciada a vacinação dos primeiros contactos próximos de infetados, sendo que até 13 de agosto foram vacinados 215 contactos.
A DGS refere que continuam a ser identificados e orientados para vacinação os contactos elegíveis nas diferentes regiões.
Segundo a Direção-Geral da Saúde, os sintomas mais comuns da infeção são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos com o aparecimento progressivo de erupções que atingem a pele e as mucosas.
Uma pessoa que esteja doente deixa de estar infecciosa apenas após a cura completa e a queda de crostas das lesões dermatológicas, período que poderá, eventualmente, ultrapassar quatro semanas.
O vírus Monkeypox transmite-se por contacto próximo, nomeadamente com as lesões ou fluidos corporais, ou por contacto com material contaminado, como lençóis, atoalhados ou utensílios pessoais.
De acordo com a DGS, Portugal continua na lista dos 10 países com mais infeções, sendo o sexto país europeu com maior incidência.