20 ago, 2022 - 09:42 • Lusa
A taxa de embarcações aptas na Transtejo-Soflusa para as ligações fluviais tem vindo a diminuir nos últimos três anos, situando-se nos 60% nos primeiros sete meses de 2022, tendo aumentado o número de avarias nos navios.
Em resposta a questões da agência Lusa, a administração da Transtejo-Soflusa dá conta que "a taxa de disponibilidade de serviço do total de frota foi de 68% em 2019, 65% em 2020, 59% em 2021 e 60% nos primeiros sete meses" do ano corrente.
A empresa esclareceu que a taxa de disponibilidade de serviço tem a ver com a percentagem de embarcações aptas para serviço, que asseguram as ligações fluviais entre a Margem Sul e Lisboa.
A ligação entre as duas margens do Tejo tem vindo a sofrer constrangimentos nos últimos anos, ora por greves dos trabalhadores, que lutam pela valorização salarial, entre outros direitos, ora por avarias nas embarcações e consequentes supressões.
Exemplo disso foi o que aconteceu entre o dia 12 e sexta-feira, tendo sido suprimidas várias carreiras, sobretudo nos horários de ponta da manhã e da tarde, devido à greve parcial em cada turno de serviço por parte dos trabalhadores.
Em relação às avarias e de acordo com os dados, comparando os primeiros sete meses deste ano com o período homólogo de 2021, verifica-se "um aumento de 9% no número de avarias da frota total, devendo-se este crescimento aos constrangimentos e limitações da frota Transtejo".
No entanto, a empresa refere ainda que, na análise dos registos dos últimos três anos, constata-se uma tendência decrescente deste indicador: em 2020, a frota teve menos 21% de avarias face a 2019 e, em 2021, menos 16% face a 2020.
A administração comum às duas empresas indicou à Lusa que a entrega dos novos quatro primeiros navios da nova frota elétrica para a Transtejo está prevista para o período entre dezembro de 2022 e junho de 2023, quando, inicialmente, o primeiro navio deveria ter sido entregue no primeiro semestre deste ano.
Apesar de todos os constrangimentos, a empresa reconhece que tanto a Transtejo como a Soflusa "têm assegurado as suas obrigações contratuais" do contrato de serviço público.
Mas, os utentes vão reclamando sobre o serviço prestado, tendo aumentado o número de queixas entre 1 de janeiro e 31 de julho deste ano: 12% na Transtejo e 107% na Soflusa, comparativamente ao período homólogo de 2021.
Como justificação, a empresa refere que as reclamações resultam das perturbações de serviço, supressões e atrasos, "decorrentes de limitações operacionais e de constrangimentos técnicos e financeiros na manutenção da frota, da falta de recursos humanos operacionais marítimos (maquinistas e marinheiros) e da realização de plenários e greves por parte dos trabalhadores".
Comparativamente a 2018 e 2019, os anos de 2020 e de 2021 registaram uma "redução significativa do número de reclamações", decorrente do impacto da pandemia na mobilidade urbana e na utilização dos transportes públicos, em geral, bem como de uma maior estabilidade operacional, justificou a empresa.
Já os dados financeiros da Transtejo e da Soflusa que constam no Plano Estratégico 2021-2022 apresentam uma diferença grande entre ambas: a autonomia financeira, em 2019, era de menos 199,4% para a Transtejo, enquanto a Soflusa situava-se nos 59,8%.
Tal discrepância é justificada pelo facto de a gestão da Transtejo e da Soflusa ser feita de forma integrada, sendo os custos corporativos e financeiros assumidos apenas pela Transtejo.