22 ago, 2022 - 10:22 • Anabela Góis , Marta Pedreira Mixão Redação
De acordo com o Portal da Vigilância da Mortalidade, da Direção-Geral da Saúde, nos primeiros seis meses do ano registaram-se 119 óbitos de bebés com menos de um ano de idade. Segundo noticia o Correio da Manhã, este valor traduz-se numa taxa de mortalidade infantil de 3,1 óbitos por cada mil nados-vivos.
Em termos absolutos, registaram-se mais 29 mortes em bebés até um ano em comparação com o primeiro semestre de 2021 e mais três relativamente ao mesmo período em 2020.
No entanto, à publicação, a Direção-Geral da Saúde (DGS) refere que as taxas de mortalidade infantil registadas em 2020 e em 2021 foram as mais baixas de sempre, registando 2,43 óbitos por cada mil nascimentos, e de 2,4, respetivamente.
As autoridades de saúde estão ainda estar a monitorizar a taxa de mortalidade infantil por ano civil numa metodologia que combina a informação em séries de cinco anos porque, segundo a DGS, tal confere uma maior estabilidade e robustez ao indicador. Em 2019, o valor foi de 2,9 e em 2018 atingiu os 3,3.
O aumento da mortalidade infantil segue a tendência da subida da mortalidade geral em Portugal, com o país no topo a nível do excesso de mortalidade na Europa relativamente à média de 2016 a 2019.
Contudo, os pediatras consideram que os números não permitem uma análise, justificando que o prazo é curto para poder registar uma tendência.
Em declarações à Renascença, o pediatra Gonçalo Ferreira, diretor da Área de Pediatria Médica no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, médico no Hospital Dona Estefânia e presidente da Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente, considera que são "números relativamente baixos em absoluto".
"Portanto, não se podem fazer análises que valham a pena para uma mudança de politica baseados em espaços de tempo muito curtos. Tem de se olhar um horizonte temporal muito maior, só isso é que permite fazer análises que implique mudança de curso, mudança de política", afirma, salientando porém que "em números que tocam diretamente às famílias é abismal".
Também Jorge Amil Dias, pediatra e presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, considera que “neste momento, sem prejuízo de uma análise mais detalhada que possa vir a ser necessária, não me parece que estes números traduzam sinais que devam causar a nossa preocupação”.