24 ago, 2022 - 08:55 • Isabel Pacheco
A população de Carrazedo, em Tabuaço, recorre este ano, pela primeira vez, ao abastecimento de água através de cisternas. Uma situação de seca inédita na aldeia e que levou já ao corte no fornecimento público durante a noite.
“Fecham à noite e abrem de manhã. Quando chego a casa para tomar banho a água está aberta. Depois fecha às 21h00 e abre às 7h00”, conta José Costa que não se recorda de situação semelhante na aldeia.
“Só foi este verão. De resto, havia sempre água. Alguém a rouba ou não sei o que se passa. Os depósitos estão vazios”, diz.
Para a vizinha Rosa Maria, o racionamento da água até podia até ir mais longe. “Até deviam fechar mais de dia porque, depois, as pessoas andam de mangueira na mão a fazer o que não devem”, defende, lembrando que não se devem regar hortas, lavar carros ou pátios com recurso à água pública. Práticas que, por estes tempos de seca, estão interditas em Carrazedo e um pouco por todo o concelho.
A poucos quilómetros, na freguesia de Granja do Tedo a falta de água já secou a praia fluvial. Já a piscina “está a funcionar a 50%”, adianta Carlos Joaquim, da junta de freguesia.
“O que temos aqui não é um rio é uma esplanada”, descreve o autarca, referindo-se à praia fluvial do rio Tedo. “Isto aqui dá para colocar umas mesas porque, infelizmente, não há água nenhuma.”
Também a população de Granja do Tedo tem sido abastecida através de cisternas. “Os bombeiros vêm cá todos os dias”, conta o secretário da junta de freguesia que revela que, há dois meses, por decisão da junta não há água na rede pública durante a noite.
“Levanto-me de madrugada e nunca lavo a cara. Não tenho água e só lavo a cara no trabalho em Moimenta da Beira”, conta. “Já me habituei, mas não deixa de ser uma situação complicada”, lamenta o pasteleiro.
E se não há água para consumo humano, também não há para a rega. José Augusto já deu como perdidos a horta.
“Já não a rego”, conta. “Não vai ser fácil. No Iraque é a guerra do petróleo. Aqui, vamos ter a guerra da água”, antecipa.
Resta esperar por um milagre de Santa Eufémia, a padroeira da terra. “Quando se celebra a Santa, a 16 de setembro, vem sempre a chover. Pode ser que Ela faça um milagre e Deus queira que sim”, remata.
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