28 ago, 2022 - 22:45 • Redação com Lusa
Ao final de três dias de greve, a Portway e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) apresentam contas muito diferentes. A empresa aponta para uma adesão de 14% e menos de 200 voos cancelados. Já o sindicato fala em 80% de adesão e, pelo menos, 230 voos em terra nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal.
Em comunicado, as duas partes continuam ainda a trocar acusações. Para a administração este foi um ato "irresponsável", que provocou prejuízos e não tem fundamento, enquanto o sindicato insiste que a empresa não está a cumprir a lei no que toca a remunerações.
A Portway classifica a paralisação como "um ato irresponsável".
"A Portway reitera que esta foi uma greve sem razão e um ato irresponsável, que prejudica a recuperação financeira da empresa e a capacidade de traduzir essa recuperação em melhores condições para os trabalhadores", disse a Portway, em comunicado.
A empresa lamenta os prejuízos para os passageiros, para as companhias aéreas e para a própria Portway, dizendo que sai desta situação com "uma posição comercial e económica mais fragilizada".
No comunicado, a Portway rejeitou os motivos alegados para a convocação da greve pelo SINTAC, garantindo que a empresa "cumpre com toda a legislação e regulamentação aplicáveis", incluindo os acordos de empresa em vigor e os direitos laborais", lembrando que fez atualizações remuneratórias de 11% desde 2019 e pagando feriados com um acréscimo de 150% face ao valor/hora.
Em resposta, o SINTAC afirma, em comunicado que "as
únicas valorizações remuneratórias de 11% atribuídas pela Portway foram
realizadas a chefias e a um número muito reduzido de trabalhadores" e garante que os feriados "continuam a não ser pagos a 100%".
Empresa admite um total de 196 cancelamentos no pe(...)
A Portway denunciou a falta de disponibilidade para o diálogo por parte dos trabalhadores e dos seus representantes, nomeadamente do SINTAC.
"Ficou demonstrada, mais uma vez, a ausência de disponibilidade deste sindicato para uma negociação equilibrada, face ao contexto económico da empresa, no sentido de garantir uma partilha justa do valor com os trabalhadores e assegurar a viabilidade económica da empresa e dos empregos a longo prazo", pode ler-se no comunicado hoje divulgado.
A Portway garante, por sua vez, que continuará a "promover um diálogo objetivo e realista com todos os parceiros disponíveis" para "evitar as dificuldades que todo o setor enfrenta".
Em resposta, o SINTAC diz, em comunicado: "apesar da lamentável atitude da empresa para com o SINTAC, continuamos totalmente disponíveis para dialogar e negociar com a Portway
- caso a mesma tenha, finalmente, essa capacidade -, tendo como
objetivo encontrar soluções que dignifiquem a carreira destes
trabalhadores e valorizem a profissão".
O SINTAC convocou uma greve na empresa de assistência em terra, nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal, com início às 00:00 do dia 26 de agosto e fim às 24:00 de 28 de agosto, contra a política de "confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do Acordo de Empresa, confrontação disciplinar, ausência de atualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações", indicou em comunicado.
De acordo com o SINTAC, a paralisação visa contestar "a política de RH [recursos humanos] assumida ao longo dos últimos anos pela Portway, empresa detida pelo grupo Vinci, de confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do Acordo de Empresa, confrontação disciplinar, ausência de atualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações".
O SINTAC acusa a Portway de promover um "clima de terror psicológico, onde proliferam ameaças e instauração de processos disciplinares, criando uma instabilidade social sem ímpar na história da empresa", e os trabalhadores reivindicam o cumprimento do Acordo de Empresa de 2016 e uma avaliação de desempenho que não sirva para evitar progressões.