13 set, 2022 - 17:53 • Redação
Um manto de sedimentos produzidos por incêndios está a cobrir por completo uma parte do leito do rio Zêzere. As primeiras grandes chuvas após os grandes fogos de agosto estão a causar a acumulação de cinzas.
Em declarações à Renascença, José Prata, morador em Orjais, no concelho da Covilhã, descreve um cenário assustador junto ao rio, após o temporal registado esta terça-feira de manhã.
"Ouvi um barulho que parecia uma trovoada enorme, um dilúvio mesmo. Uma coisa estonteante! Começo a ver aquelas águas a saltar, parecia que tinha rebentado uma barragem", relata José Prata, que filmou a torrente de água negra num ribeiro afluente do rio Zêzere.
O habitante de Orjais deslocou-se depois ao rio Zêzere, que fica muito perto, e constatou que as águas também estavam tingidas de negro pelas cinzas dos incêndios.
Não há registo de desalojados ou feridos. Por caus(...)
Estes sedimentos contribuem para que haja uma pior qualidade da água e para a existência de fenómenos de eutrofização.
A eutrofização é um fenómeno que ocorre como consequência do aumento da quantidade de nutrientes no ambiente aquático. O fenómeno leva a uma série de complicações, nomeadamente dificuldades no trânsito de embarcações, elevação nos custos de tratamento da água para abastecimento da população e menores habitats para as espécies.
Estes eventos ocorrem devido à erosão causada pelos incêndios, os solos tornam-se impermeáveis e incapazes de reter a água das chuvas. O norte e centro do país são as regiões mais afetadas por incêndios e consequentemente com maior risco de erosão.
Além da contaminação dos rios, a erosão provocada pelos fogos florestais pode originar cheias rápidas.
A queda da chuva vai diretamente para o solo e, por isso, a taxa de infiltração é rapidamente saciada e todos esses sedimentos são arrastados à superfície das encostas.