20 set, 2022 - 10:00 • Redação
Esta semana marca o arranque do ano letivo para o ensino superior, mas são vários os estudantes que reportam, cada vez mais, dificuldades para encontrarem alojamento na cidade. A situação parece agravar-se ano após ano, dando lugar a queixas dos jovens devido à pouca oferta e aos preços altos que refletem a situação da habitação no país, principalmente em Lisboa.
Leonor Sousa, com 21 anos, da Ilha da Madeira, é uma das jovens estudantes que chegam a Lisboa, no seu caso, para concluir o curso de Medicina na Universidade de Lisboa , depois de ter realizado os primeiros anos na Universidade da Madeira.
Para a jovem madeirense, os estudantes deslocados deveriam ser mais apoiados pelo Estado, por considerar muito difícil pagar estas quantias por um quarto.
"Mesmo sabendo que viria para Lisboa, comecei a procurar casa a partir de maio, muito antes dos caloiros normais, mas nunca obtive resposta. Só depois de muita procura, em setembro, é que consegui um quarto, numa casa com mais quatro pessoas a 500 euros por mês sem despesas. Infelizmente, não existe ainda nenhum programa eficaz de apoio aos estudantes deslocados."
Quanto ao futuro, a estudante ainda tem muitas incertezas: pretende ficar em Lisboa para a Especialidade, mas a desvalorização dos médicos do SNS no continente pode ser um fator decisivo para a decisão.
"Depois do curso, não sei. O objetivo seria ficar por Lisboa, ainda para mais gostava de tirar cá a especialidade, uma vez que na Madeira existem poucas especialidades com formação, mas, infelizmente, a classe médica, como vimos nos últimos tempos, não tem sido devidamente valorizada aqui. Muito provavelmente, se não começarem a valorizar os médicos no SNS, terei de voltar para a Região."
Para Margarida Aguiar, a luta é outra. Está em Lisboa depois de ter ingressado no curso de Engenharia e Gestão Industrial, no Instituto Superior Técnico, e queixa-se sobretudo dos transportes . As instalações da sua faculdade localizam-se em Oeiras, no Taguspark, mas a ineficiência dos transportes é um problema. Se considerarmos apenas a oferta pública de transportes, a jovem teria de acordar às quatro da manhã para entrar às oito, o que leva Margarida a recorrer ao transporte da universidade. Contudo, logo no primeiro dia de aulas, o transporte falhou devido a um excesso de procura, levando assim alguns estudantes a faltar às primeiras aulas do dia.
"Não existem outros transportes disponíveis sem ser o shuttle da faculdade, que, apesar de ter vários horários, por vezes são insuficientes. Em relação aos transportes, anunciam muitas medidas de passes gratuitos, no entanto, a maior parte dos jovens são deslocados e, além de terem de pagar alojamento, não têm direito a isso. Além disso, sinto que, antes da gratuitidade dos transportes, era preciso melhorar a rede dos mesmos."
Entraram quase 50 mil estudantes na 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior deste ano. Agora decorre a segunda fase de acesso, cujos resultados serão conhecidos a 30 de setembro.
A DECO lançou um guia digital para os estudantes, para ajudar em questões desde a escolha casa à gestão do dinheiro e deslocações.