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“Seedballs”

Universidade de Évora quer criar indústria de bolsas de sementes para conservação da natureza

20 set, 2022 - 13:36 • Rosário Silva

A preservação da identidade genética de cada região e o restauro de ecossistemas está na génese do mais recente projeto desenvolvido por investigadores da Universidade de Évora.

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Uma equipa de investigadores da Universidade de Évora (UÉ) está a desenvolver um projeto que pretende avançar com o fabrico e desenvolvimento, em pequena indústria, de bolsas de sementes (seedballs) certificadas, para utilização na área da conservação da natureza.

“Seedballs 100% portuguesas: uma ideia natural para promoção de recursos vegetais com interesse para a conservação” é a designação desta que é, por enquanto, uma ideia de negócio, da responsabilidade da investigadora do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), Erika Almeida, também estudante de doutoramento em Biologia, da UÉ.

À Renascença, a academia alentejana justifica, em comunicado, a aposta neste projeto, com a urgência de “providenciar uma oferta nacional de espécies vegetais nativas de proveniência regional, de forma a preservar a identidade genética de cada região”, evitando, assim, “a introdução de espécies provenientes de outros países e até de outras regiões ecológicas, que podem competir com as nossas espécies e tornarem-se invasoras”.

De resto, uma ideia que já conquistou apoios, sendo a vencedora do Prémio BPI - La Caixa, com o júri do concurso a considerar que, a mesma, apresenta potencial para se tornar “um projeto-piloto inovador”.

Na prática, pretende-se que venha a incrementar a “produção de seedballs, ou bolsas de sementes”, que mais não são do que “esferas de argila e composto orgânico com sementes, para aplicação em diversos projetos e ações de conservação da natureza e restauro ecológico”, com efeitos positivos também no processo de reflorestação.

A equipa, que tem como mentora a investigadora Anabela Belo, professora de Biologia, revela que a utilização futura desta técnica, deverá incidir, sobretudo “em zonas onde o acesso de maquinaria é difícil ou mesmo impossível”.

Por outro lado, indica como vantagem, o “proteger as sementes, de predadores”, assim como “de condições desfavoráveis à germinação, sobretudo num cenário de aquecimento global e alteração dos padrões climáticos, como o aumento de temperatura ou a irregularidade da precipitação”, lê-se na nota da UÉ.

No Laboratório de Botânica da UÉ, a equipa de investigadores, onde estão também os jovens Cristina Baião e João Marques, continuam a ser desenvolvidos “protocolos de germinação e testes de eficácia das seedballs”.

Quanto à transformação desta ideia em projeto, a desenvolver inicialmente na região do Alentejo, os investigadores acreditam que possa “crescer em escala”, tendo como estrutura de apoio, para a triagem e conservação, o Banco de Sementes da Universidade de Évora.

As preocupações ambientais estão também na mente da equipa, que pretende dinamizar o uso de subprodutos de origem industrial e doméstica, “como as argilas ou as cinzas”, agregando-os na composição das “seedballs e contribuindo para a economia circular”.

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