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Marcelo espera que novo aeroporto não se arraste por falta de "sustentabilidade na visão" política

23 set, 2022 - 18:01 • Lusa

Declarações do Presidente da República em dia de reunião entre o primeiro-ministro e o líder do PSD.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje esperar que a construção do novo aeroporto de Lisboa não se arraste no tempo por "falta de sustentabilidade na visão" dos responsáveis políticos.

"Folgo com o ser possível, aparentemente e finalmente, podermos saber quando é que avança um investimento estrutural, e avança consensualmente, que é um investimento aeroportuário prometido há não sei quantos anos e que se espera que não demore décadas ou eternidades a concretizar-se por falta de sustentabilidade na visão dos responsáveis políticos", sustentou o chefe de Estado, numa intervenção no encerramento do 7.º Congresso dos Contabilistas Certificados, em Lisboa.

Durante a sua intervenção, o Presidente da República voltou a exortar o Governo a apresentar os cenários macroeconómicos para o futuro próximo, já que "se antecipa as medidas" também o deveria fazer com as previsões.

O primeiro-ministro, António Costa, e o presidente do PSD, Luís Montenegro, reúnem-se hoje à tarde para discutir a metodologia sobre a futura solução aeroportuária para a região de Lisboa, num encontro marcado para as 17:00 em São Bento.

Ao contrário da única reunião pública entre António Costa e Luís Montenegro, que aconteceu a dois em 22 de julho, desta vez o encontro será alargado ao ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e ao vice-presidente social-democrata Miguel Pinto Luz, "o interlocutor técnico" do PSD sobre o tema do aeroporto.

Na quarta-feira, Luís Montenegro divulgou uma carta enviada ao primeiro-ministro, em que dá conta da conclusão do processo de audições e reflexão interna que o PSD estava a fazer desde julho sobre o tema e transmitiu as cinco condições do partido para concordar com a metodologia a seguir sobre a futura aeroporto da região de Lisboa.

A "realização imediata" de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), concluída no prazo de um ano, para as opções Montijo, Alcochete "e qualquer outra que o Governo ou a estrutura encarregue de fazer a AAE decidam fundamentada e tecnicamente incluir" é uma das premissas colocadas por Montenegro.

Depois, o presidente do PSD pede que esta avaliação seja entregue "a personalidades de reconhecido mérito técnico, académico e científico" e que seja acompanhada de uma análise comparativa dos custos e prazos de execução de cada uma das localizações em estudo, incluindo as "infraestruturas conexas, complementares" necessárias.

Em relação à carta de Luís Montenegro, "quanto ao essencial", António Costa salienta ter registado a reafirmação da "total disponibilidade para se alcançar a maior convergência possível" sobre "a estratégia de desenvolvimento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa" e, em especial, "da aceitação recíproca da metodologia a seguir".

Em 29 de junho, o Ministério das Infraestruturas publicou um despacho a dar conta de que o Governo tinha decidido prosseguir com uma nova solução aeroportuária para Lisboa, que passava por avançar com Montijo para estar em atividade no final de 2026 e Alcochete e, quando este último estivesse operacional, fechar o Aeroporto Humberto Delgado.

No entanto, no dia seguinte, o despacho foi revogado por ordem do primeiro-ministro, António Costa, levando Pedro Nuno Santos a assumir publicamente "erros de comunicação" com o Governo nas decisões que envolveram o futuro aeroporto da região de Lisboa.

Numa entrevista recente à TVI/CNN, António Costa adiantou que estava muito perto de ter um entendimento com o PSD sobre "a metodologia" a seguir para a localização do novo aeroporto de Lisboa, de modo a tomar uma "decisão definitiva" no final de 2023.

Na quarta-feira, o chefe de Estado tinha apelado ao executivo para avançar o quanto antes com as previsões macroeconómicas, alegando que os português têm de "saber as linhas com que se cosem" nos próximos tempos, com o aumento da inflação e a diminuição do poder de compra.

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