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Covid-19. Médicos contra o fim do estado de alerta antes do início do inverno

30 set, 2022 - 19:56 • João Malheiro

"Acho que é uma medida prematura, não muito cautelosa, e que vai atirar para cima das pessoas a responsabilidade individual de nos protegermos uns aos outros", diz o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

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Os médicos de Saúde Pública consideraram esta sexta-feira prematura a decisão de pôr fim ao estado de alerta devido à Covid-19, que faz cair o uso obrigatório de máscaras, o isolamento dos casos positivos, os testes gratuitos sem prescrição e os apoios.

"Acho que é uma medida prematura, não muito cautelosa, e que vai atirar para cima das pessoas a responsabilidade individual de nos protegermos uns aos outros", disse o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges, à Renascença.

Com o fim do estado de alerta deixa de ser possível determinar o uso obrigatório de máscaras.

Também vai terminar o isolamento dos casos positivos, os apoios dirigidos à Covid-19, os testes gratuitos que estavam disponíveis até hoje para quem não tinha prescrição, e o apoio a 100% para as baixas dos doentes com Covid-19, salientou.

"A partir de agora, é uma doença como qualquer outra e, numa altura em que estamos a entrar numa nova onda, e que ainda não temos a certeza sobre o impacto que a vacinação vai ter, nós estamos a assumir um risco enorme. O governo não foi prudente nesta decisão. Acaba por deixar os doentes com Covid-19 dependentes só de si próprios", criticou.

Para Gustavo Tato Borges, a decisão foi feita "olhando apenas para a realidade atual", sem pensar no que vai acontecer a seguir a nível epidemiológico.

Gustavo Tato Borges considerou também "contraditória" a mensagem do ministro da Saúde, ao afirmar que "a reversão da situação de alerta não significa, porém, que a pandemia de covid-19 está ultrapassada" e que é preciso "continuar a vigiar a evolução da doença".

"Então se é para fazer as mesmas coisas mantinham o estado de alerta, que não tinha um impacto considerável na vida das pessoas e permitia manter tudo igual como estava", disse, entendendo que esta medida poderia ser tomada quando se verificasse ao longo deste inverno que não haveria problemas.

A partir de agora, só se vão conhecer os casos graves que chegam aos hospitais e, afirmou, "nós sabemos que há utentes que, apesar de estarem vacinados, vão continuar vulneráveis para esta doença, porque infelizmente têm uma condição clínica que não lhes permite ganhar anticorpos" e não há alternativas de tratamento, além da vacinação.

Por isso, defendeu, "precisávamos que o país mantivesse esta doença debaixo de escrutínio para conseguirmos proteger estas pessoas até termos todas as armas disponíveis para podermos combater a pandemia de uma forma mais sossegada".

Face à evolução da pandemia, o Governo decidiu não prorrogar a situação de alerta, que deixa de vigorar a partir das 23h59 desta sexta-feira.

O que muda?

  • Isolamento deixa de ser obrigatório;
  • Acabam as baixas por Covid-19 bem como o subsídio associado. Doentes infetados passam a beneficiar do mesmo regime das outras situações de doença.
  • Testes à Covid-19 deixam de ser prescritos via SNS24 e passam a ser comparticipados a 100% quando forem prescritos em unidades de saúde do SNS.

O que se mantém?

  • Continua a ser obrigatório o uso de máscara nos estabelecimentos e serviços de saúde e em lares de idosos.

Quais são as recomendações?

No caso da população vulnerável, a Direção-Geral de Saúde (DGS) recomenda que sejam adotadas medidas de controlo de infeção, nomeadamente em unidades de saúde e lares de idosos. Deve manter-se a higienização frequente das mãos, etiqueta respiratória e distanciamento adequado quando sintomáticos.

Nas escolas, recomenda-se que os estabelecimentos de ensino promovam a lavagem frequente das mãos e a ventilação adequada dos espaços.

Já nas situações de grande concentração de pessoas, é recomendada a ventilação dos espaços. Nas situações em que não seja possível assegurar o distanciamento físico, a DGS recomenda o uso de máscara.

[notícia atualizada às 23h17]

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