Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Safeguard Defenders à Renascença. "No Porto, Lisboa e algures na Madeira" há esquadras chinesas ilegais

30 set, 2022 - 17:28 • Núria Melo

Presidente da organização de defesa dos direitos oferece colaboração a Portugal para "descortinar" alegadas "esquadras chinesas" ilegais. "Eles entram em contacto com os cidadãos chineses, fazem uma videoconferência e a polícia chinesa descreve todas as coisas que podem acontecer se eles não voltarem de forma voluntária para a China", descreve Peter Dahlin.

A+ / A-

A organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos Safeguard Defenders insiste, na Renascença, que existem em Lisboa, Porto e Madeira “esquadras chinesas” ilegais, centros de investigação e repatriamento de cidadãos chineses que vivem em Portugal.

A Liga dos Chineses em Portugal disse ontem, à Renascença, que se trata de uma denúncia falsa, que é impossível a existência dessas esquadras ilegais chinesas a operar no país.

Perante este desmentido, a Renascença contactou esta sexta-feira o presidente da ONG Safeguard Defenders. Peter Dahlin insiste que essas alegadas esquadras existem mesmo em Portugal.

"No Porto, em Lisboa e algures na Madeira, temos conhecimento de alguns sítios onde estão estas esquadras. Há organizações por trás disto, e temos várias preocupações”, afirma Peter Dahlin.

“É claro como eles o fazem em Madrid ou em Belgrado, também têm este tipo de atividade em Portugal, essa é a principal preocupação.”

Para o presidente da Safeguard Defenders, a segunda preocupação é que “não acreditamos que estejam registados como associações para cumprir este dever de repatriamento e, se não estão registados como associações para o fazer, isso significa que está a ser feito sem conhecimento do Governo português".

Segundo Peter Dahlin, há uma intimidação da polícia chinesa para que estes cidadãos regressem ao país de origem.

"Eles entram em contacto com os cidadãos chineses, convidam-nos para uma espécie de escritório, fazem uma videoconferência com a polícia chinesa e a polícia chinesa descreve todas as coisas que podem acontecer se eles não voltarem de forma voluntária para a China", descreve.

Nesta entrevista à Renascença, Peter Dahlin fala em 230 mil cidadãos chineses no estrangeiro a retornar à China nos últimos meses.

"Bem, o que sabemos é que há documentos oficiais do Governo chinês que afirmam que nos últimos 50 meses persuadiram 230 mil cidadãos chineses no estrangeiro a retornar à China sob acusações criminais, persuadindo-os a voltar na verdade estão a ameaçar com os filhos e a família que estão na China.”

Apesar de o primeiro-ministro, António Costa, ter dito que não tem conhecimento destas “esquadras” a atuar em Portugal, o presidente da ONG diz estar disponível para colaborar com as autoridades para investigar estes casos.

"Pelo que conseguimos perceber no Parlamento português, o Governo afirma que não conhece estes casos e isso, provavelmente, significa que a Polícia portuguesa o desconhece. Por isso, esperamos disponibilizar o máximo de informação possível e que a Polícia olhe para as três esquadras específicas, no Porto, em Lisboa e na Madeira, para recolher toda a informação relevante para que possam ser devidamente escortinados", sublinha.

De acordo com a Safeguard Defenders, mais de 230 mil cidadãos chineses foram "persuadidos a regressar" à sua terra natal, um pouco por todo o mundo.

Ao todo a ONG diz que há 54 esquadras, em cinco continentes distintos. Três delas, supostamente, poderão existir em Portugal.

O primeiro-ministro foi questionado na quinta-feira, no Parlamento, sobre esta denúncia. António Costa disse desconhecer o caso.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+