25 out, 2022 - 14:42 • Liliana Monteiro
Vários militares, suportados pelas associações de oficiais, sargentos e praças, realizam às 17h30 desta terça-feira uma tribuna pública em frente ao Ministério das Finanças, em Lisboa, para denunciar problemas remuneratórios.
“Não é uma manifestação”, explica António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), esclarecendo que “vai ser denunciada a situação grave das Forças Armadas, dificuldades de recrutamento e retenção, ausência de negociação remuneratória, horários de referência que os militares não têm”.
A cada dia o número de efetivos militares piora, assegura este militar, fazendo contas às entradas e saídas.
“O número de militares que entram no recrutamento não compensa o número de saídas, quer dos que passam à situação de reserva e reforma, quer o número de contratados", explica António Mota, lembrando que "a maioria das Forças Armadas tem contratados".
O presidente da AOFA garante que "as Forças Armadas têm vindo a perder mil militares por ano" e que, "desde 2011, já perderam 30% do efetivo global e os números deste ano são piores, saíram 1.100", revela, referindo-se a dados de setembro.
Os militares lamentam a inexistência de um calendário negocial e asseguram que receberam “apenas um telefonema do secretário de Estado da Defesa a dizer que um dia destes, e foi mesmo essa a expressão, haverá uma reunião para que sejam apresentadas decisões do Ministério da Defesa relativas aos aumentos, se é que os vai haver, para 2023".
António Mota contesta que “todos os anos na concertação social, os sindicatos que representam os funcionários públicos, estejam à mesa das negociações", quando "o mesmo não acontece com os corpos especiais que não estão representados".
"Os Ministérios têm a obrigação legal de fazer reuniões de acerto e negociação com os corpos especiais, é o que acontece com os juízes, magistrados, SEF, PSP e GNR”, exige.
O presidente da AOFA fala na inexistência de diálogo com o Ministério da Defesa e assegura “que os valores na proposta para a Defesa são insuficientes e não dão nem para manter o efetivo que existe".
"O cálculo está feito a prever que em 2023 se continua a reduzir o efetivo e por isso achamos importante esta tribuna em frente ao Ministério das Finanças que também tem muita culpa desta situação”, remata.