27 out, 2022 - 09:50 • João Cunha
O presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia (ASPP), Paulo Santos, defende que fechar esquadras não garante mais polícias na rua. O responsável associativo refere experiências do passado para justificar a sua preocupação.
“Quando se encerraram esquadras, principalmente nas cidades do Porto e de Lisboa, nunca houve uma tradução efetiva do aumento dos efetivos, ou seja, aquilo que é o encerramento das esquadras nunca teve uma tradução efetiva de mais elementos policiais na rua”, assegura.
Paulo Santos confessa ver com preocupação o projeto anunciado pelo diretor nacional da PSP, lembrando que a ideia não é nova e “culminou sempre na manutenção ou adiar dos problemas".
Na mesma entrevista, Magina da Silva revela a existência de um plano para reorganizar a polícia que passa por fechar esquadras e também a criação de um plano de alojamento para polícias deslocados.
Para Paulo Santos, presidente da ASPP, é estar a misturar alhos com bugalhos. No caso, caridade com salários. E isso não chega. É, de resto, "mais um dos exemplos da nossa discordância com as interpretações que é feita pelo senhor diretor nacional, que propõe medidas que amparam as más decisões políticas".
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O dirigente da ASPP não se opõe ao plano de alojamento para polícias deslocados, mas sublinha que isso é uma política de assistência social e que são “medidas já em desespero”.
“A ASPP entende que problemas associados à falta de atratividade e à própria manutenção dos profissionais da instituição passam por uma questão de dignificação salarial", o presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia.
Na sua opinião, há que "rever as tabelas salariais, os postos, as carreiras, as formas como se progride, criar condições de trabalho e dignificar a profissão".
Ainda sobre a possibilidade de colocar um agente da PSP em cada Junta de Freguesia que venha a perder a esquadra que a servia, Paulo Santos considera que "era importante perceber se as Juntas estão preparadas para isso, e saber se há efetivo disponível e para fazer o quê nessas instituições".
Uma vez mais, sublinha, "o Governo, muitas vezes amparado pela Direção-Nacional da PSP, secundariza o que é importante resolver: a questão da atratividade salarial, das condições de trabalho e da motivação e dignificação dos profissionais, para prestarem um melhor serviço às populações".
A Associação Sindical considera que o importante era perceber o que está na base do afastamento dos candidatos á profissão.
"Se perguntar hoje a um jovem porque é que não quer concorrer à polícia, não tem nada a fazer com o funcionamento ou reorganização da instituição ou dos serviços. Tem a ver com o que o leva a não olhar para a Polícia como uma instituição apelativa ou atrativa", remata.