27 out, 2022 - 10:58 • Anabela Góis
As infeções respiratórias fizeram disparar as idas às urgências durante o mês de outubro. O Hospital de São João, no Porto, está a receber em média 800 pessoas por dia, avança à Renascença o diretor da unidade de gestão da urgência.
“Na urgência de adultos e de pediatria estamos neste mês de outubro com uma média de 800 doentes por dia, quando em setembro tivemos 700, portanto, um aumento muito significativo, naturalmente com flutuações ao longo da semana, e já tivemos dias com perto de mil doentes. O máximo foi 966 num único dia”, disse Nelson Pereira.
“Este aumento verifica-se muito por força do aumento das infeções respiratórias de várias origens”, adianta o responsável, acrescentando que, embora tenham “assistido a um ligeiro aumento da prevalência da Covid esta não está a ser a principal fonte de infeções respiratórias, e neste momento já se sentem também os efeitos da gripe”.
Nestas declarações, Nelson Pereira revela que se está a agudizar o fenómeno da ida às urgências sem necessidade, referindo que na “urgência de adultos estamos com cerca de 35% de situação catalogadas como azuis, ou seja, não urgentes e no caso da pediatria este número atinge os 50%”.
“Continuamos com um insucesso praticamente total relativamente ao programa para orientarmos doentes dos serviços de urgência para os cuidados primários. De facto, as pessoas uma vez no hospital são muito relutantes em adiar o contacto com o médico e diferi-lo para o contacto com o médico de família”, descreve.
O diretor da urgência de São João garante que as equipas de urgência foram reforçadas, mas que é impossível evitar o aumento dos tempos de espera.
A sul, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a afluência às urgências também aumentou na semana passada, mas, entretanto, regularizou e já voltou à média habitual antes da pandemia, da ordem dos 650 episódios por dia.
A urgência tem sido procurada por mais doentes complexos (amarelos e laranjas), muitos deles de outras áreas da região de Lisboa e com descompensação de doenças de base.
Segundo fonte hospitalar adiantou à Renascença, são doentes que, pela sua complexidade, implicam diagnósticos mais diferenciados, múltiplos exames, o que cria pressão nos serviços de urgências e nos internamentos.