02 nov, 2022 - 13:47 • Lusa
O primeiro-ministro defendeu esta quarta-feira o regime fiscal e de permanência concedido aos chamados nómadas digitais que residem no país, considerando essencial que Portugal continue aberto ao mundo e capte investimento tecnológico para a sua modernização e desenvolvimento.
Esta posição foi transmitida por António Costa aos jornalistas, no final de uma visita de quase duas horas aos pavilhões de exposições de startups presentes na Web Summit, na Feira Industrial de Lisboa (FIL), em que esteve acompanhado pelo ministro da Economia, António Costa Silva.
Interrogado sobre o regime especial fiscal e de permanência concedido pelo Estado Português aos chamados "nómadas digitais" - jovens ligados às tecnologias, cuja vinda para o país poderá estar a agravar o preço da habitação nas principais cidades do país -, o primeiro-ministro considerou essencial que Portugal seja um país atrativo e não fechado ao mundo.
"Ou queremos ser um país fechado ao mundo, e isso é matar a nossa história, cultura e vocação; ou queremos ser aquilo que temos vindo a ser, um país aberto, onde todos se sentem bem-vindos, onde cada um pode desenvolver os seus projetos de vida", respondeu.
Estes regimes destinados à atração de investimento e de jovens quadros internacionais, na perspetiva do líder do executivo, "são mais-valias que o país tem de manter".
"Temos de saber acolher e temos de acarinhar. Se queremos ser um país cada vez mais inovador, com empresas que crescem à escala global, é fundamental termos essa dinâmica", reforçou.
O líder do executivo observou depois que Portugal já tem "sete unicórnios" - empresas tecnológicas avaliadas em mais de mil milhões de dólares norte-americanos - e referiu que a Câmara de Lisboa, liderada pelo social-democrata Carlos Moedas, "tem a grande ambição de transformar a cidade numa fábrica de unicórnios".
"Muitas empresas que eram pequenas startups, que não sabiam se iam aguentar ou não, cresceram e consolidaram-se nas áreas mais diversas, designadamente no aeroespacial ou nas ciências da vida. Temos de encorajar" este movimento, frisou, antes de fazer uma alusão a conversas que teve enquanto esteve a visitar a Web Summit.
"Disseram-me que alguns desses nómadas digitais já estão a comprar casa em Portugal. Temos efetivamente um programa aberto para podermos ser um fator de localização desses nómadas digitais, assim como temos um programa de atração do investimento direto estrangeiro. Cada empresa que faz grandes investimentos estratégicos em Portugal, faz também numa base contratualizada", apontou.
De acordo com António Costa, Portugal tem vindo "crescentemente a ser atrativo" - no primeiro semestre deste ano "voltou a captar um máximo histórico de investimento contratualizado".
"Essas empresas ajudam-nos a criar uma sociedade com mais emprego. Ajudam-nos a criar sobretudo melhor emprego, com melhores condições de trabalho e melhores salários", sustentou.
Perante os jornalistas, ainda no que respeita aos nómadas digitais, António Costa indicou que "há uma nova realidade que tem a ver com o empreendedorismo internacional", o que explica a "atratividade" do país na "agilização quanto à concessão de vistos para os que querem vir para Portugal viver, ou para investir na criação de empresas tecnológicas, ou para desenvolver a sua atividade".
"A pandemia da covid-19 demonstrou que Portugal é particularmente atrativo para os chamados nómadas digitais, porque o país teve um bom desempenho a enfrentar essa crise e tem um elevadíssimo nível de segurança, sendo um excelente local para quem possui uma atividade profissional que não exige estar fixo num ponto", alegou.
A sétima edição da Web Summit conta com mais de 70.000 participantes, 2.630 "startups" e empresas, 1.120 investidores e 1.040 oradores.
O evento tecnológico, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na zona do Parque das Nações, em Lisboa, em 2016 e vai manter-se na capital portuguesa até 2028.