07 nov, 2022 - 20:04 • Redação
O juiz Ivo Rosa criticou esta segunda-feira a decisão política de extinguir o Tribunal Central de Investigação Criminal (TCIC).
Na conclusão do debate instrutório do caso "O-Negativo", o magistrado admitiu que só concorreu para o Tribunal da Relação de Lisboa “devido à extinção do Tribunal Central como tribunal especializado".
Ivo Rosa, que desempenhou funções no TCIC durante oito anos, aguarda a conclusão do processo disciplinar que lhe foi instaurado pelo Conselho Superior da Magistratura para saber se conseguirá colocação na segunda instância.
Na exposição enviada ao Conselho Superior da Magis(...)
Por proposta do Governo, a Assembleia da República aprovou a fusão do TCIC com o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa (TIC).
A decisão da ministra da Justiça da altura, Francisca Van Dunem, foi tomada depois de Ivo Rosa ter desmontado, peça a peça, a acusação da Operação Marquês, que tem José Sócrates entre os principais arguidos.
"Apesar da complexidade e do volume de trabalho, sempre exerci com gosto e dedicação, muitas vezes com prejuízo para a minha vida pessoal e para a saúde", desabafou Ivo Rosa durante a sessão desta segunda-feira, aberta aos jornalistas.
"Não consigo trabalhar 14 horas por dia, sete dias por semana, como fiz durante dois anos. Não sou o que era e a idade também já não é a mesma", acrescentou o magistrado que, em defesa das decisões que tomou, garante que sempre as tomou “de forma fundamentada, livre, independente e imparcial”.
E, numa alusão indireta a Carlos Alexandre, assegurou que “nunca quis ser nem super juiz, nem infra, nem corajoso, nem medroso. Apenas sou um juiz que se limita a apreciar a prova".