07 nov, 2022 - 15:38 • Henrique Cunha
O Centro Porta Amiga da AMI (Assistência Médica Internacional) do Porto está no limiar das suas capacidades. A instituição, que gere o programa público de distribuição de cabazes no concelho, tem 300 pessoas em lista de espera para apoio alimentar.
Em declarações à Renascença, Jéssica Silva, diretora adjunta do Centro Porta Amiga do Porto, garante que, nesta altura, "não há possibilidade de aumentar a capacidade de resposta".
A responsável revela que o programa operacional, que é gerido através da segurança social e com fundos europeus, distribui um cabaz mensal de alimentos a 1.200 pessoas, cerca de 450 agregados familiares e, neste momento, tem "cerca de 300 pessoas em lista de espera". "E não há qualquer previsão de quando é que a vamos conseguir integrar neste programa", lamenta.
Jéssica Silva tem a certeza de que o número de pedidos de ajuda vai continuar a aumentar e antecipa um 2023 recheado de novas dificuldades, porque "neste momento nós não estamos a conseguir absorver ninguém desta lista de espera e os pedidos continuam a cair".
A diretora do Centro Porta Amiga da AMI do Porto acredita que "os 300 [pedidos] de hoje podem ser daqui a duas semanas 320" e "a tendência é mesmo para aumentar". De acordo com Jéssica Silva, "a lista de espera começou a formar-se há cerca de três meses" e "todas as pessoas foram aprovadas pela Segurança Social para apoio alimentar".
“Estamos muitos preocupados com o que vai acontece(...)
O Centro Porta Amiga do Porto iniciou o programa de entrega de cabazes a 600 pessoas. Com a pandemia, o número subiu para 900 e está agora nas 1.200. A responsável assegura: "neste momento, estamos no máximo da nossa capacidade, quer a nível de logística, de recursos humanos, de alimentos, de tudo".
"Nós não temos como entregar a mais pessoas e, mesmo assim, vamos arranjando forma de ir dando alguma coisa a estas pessoas que estão na lista de espera, de forma a que elas não fiquem sem nenhum apoio, mas é uma resposta não oficial que depende de donativos", assegura.
Em sentido inverso ao do aumento dos pedidos de ajuda, as instituições confrontam-se com a redução de apoios. Jéssica Silva lembra que muitos dos donativos eram oriundos da classe média que agora também passa grande dificuldade.
À instituição já chegam "pedidos de ajuda de famílias em que os progenitores trabalham". A responsável fala das muitas pessoas "com vergonha de pedir ajuda, que ganham salários mínimos ou têm empregos demasiado precários".
"Com duas crianças ao seu cuidado não conseguem fazer face às suas despesas, principalmente com os aumentos dos valores das rendas e dos empréstimos à habitação", acrescenta.