09 nov, 2022 - 20:26 • Lusa
A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) contestou "os pequenos aumentos" que voltaram hoje a ser apresentados pelo ministro da Administração Interna, defendendo que um polícia em início de carreira deve ganhar "no mínimo 1.000 euros".
José Luís Carneiro voltou hoje a reunir-se com as associações dos profissionais da Guarda Nacional Republicana sobre "a valorização salarial" na GNR, cerca de um mês depois da primeira reunião na qual foram apresentados os aumentos previstos para 2023.
"Já tínhamos entrado [na reunião] sem qualquer expectativa, mas estamos sempre abertos à discussão e negociação, é um bocado inglório porque viemos para uma reunião para formalizar aquilo que tinha sido transmitido na reunião anterior", disse à agência Lusa o presidente da APG, no final do encontro com o ministro.
César Nogueira referiu que a reunião "foi só para transmitir" o que já tinha sido avançado no anterior encontro de 11 de outubro, tendo apenas apresentado como "novidade" que "os pequenos aumentos" previstos para 2023 não vão ser absorvidos pelo IRS.
O responsável afirmou que está marcada uma nova reunião com o ministro para a próxima quarta-feira e foi pedido às associações uma contraproposta.
"Mediante os valores apresentados, o ministro disse para fazermos uma contraproposta. Parece que andamos aqui a jogar pingue-pongue, porque já sabemos que isto está fechado e só serve para andar a cumprir calendário e andar a empurrar até aprovação do Orçamento do Estado", salientou.
César Nogueira afirmou que aquilo que o Governo quer agora negociar "não engloba tudo aquilo" que a APG defende, nomeadamente que é "extremamente urgente fazer alteração do estatuto remuneratório da GNR, porque há problemas internos".
"É urgente que seja alterado. O melhor momento para o fazer é em sede de Orçamento do Estado, mas o Governo, através do Ministério da Administração Interna, entende que não é o momento agora. Os valores apresentados são bastantes insuficientes", precisou.
César Nogueira defendeu ainda que um polícia em início de carreira "não pode ganhar menos de 1.000 euros" devido à missão que desempenha, sendo esta exigência reivindicada desde 2019.
O presidente da APG não descarta a realização de protestos, estando já marcado para dia 19 de novembro uma ação conjunta entre as forças de segurança e as forças armadas.
Segundo a proposta do Orçamento do Estado para 2023, haverá um aumento salarial na base da carreira dos agentes da PSP e guardas da GNR na ordem dos 100 euros, que varia entre os 90 e os 107 euros, e depois a partir daí em todos os níveis remuneratórios haverá um aumento médio de 50 euros até aos 2.700 de remuneração. Acima dos 2.700 euros há um aumento de 2%, o que significa variações entre os 60 e 100 euros.
Na semana passada, o ministro da Administração Interna indicou que os polícias em início de carreira vão ter aumentos anuais de 1.500 euros.