14 nov, 2022 - 22:49 • Lusa
O presidente da Metro do Porto garantiu esta segunda-feira que a empresa hierarquiza os atrasos que sucedem nas obras em função das diferentes zonas de empreitada, não comentando as preocupações manifestadas pelo presidente da Câmara quanto à Linha Rosa.
"Sim, nós hierarquizamos, ponto. Sim. Que não haja nenhuma dúvida, nós hierarquizamos e temos essa preocupação", disse Tiago Braga em resposta ao deputado do movimento independente "Aqui Há Porto" José Maria Montenegro, que o tinha questionado sobre se hierarquizava, por ordem de importância, os atrasos nas obras em função da prioridade das várias frentes.
Tiago Braga falava hoje numa reunião da Assembleia Municipal do Porto solicitada para abordar o "processo de construção da Linha Rubi", cujo projeto se encontra em fase de consulta pública até quinta-feira.
A sessão ficou marcada pela sucessiva tentativa de vários deputados obterem uma reação ao ofício que o presidente da Câmara Municipal, Rui Moreira, enviou a Tiago Braga na quinta-feira, em que manifestava preocupações acerca de atrasos nas obras da Linha Rosa (São Bento - Casa da Música), já em curso.
No ofício, o autarca independente manifestou a sua preocupação com "o impacto profundamente negativo gerado pela empreitada de construção da nova linha do metro".
Num documento elaborado pelos serviços da Câmara acerca dosa atrasos, constata-se que "praticamente todas as frentes de obra apresentam excessivos atrasos", assegura Rui Moreira, acrescentando que na frente de obra da Casa da Música (nos cais da Linha Rosa e da Linha Rubi) "existe um atraso de 215 dias" e na Galiza, onde vai ser construída uma nova estação, um atraso de "275 dias".
Na construção da nova estação do Hospital Santo António o "atraso é de 92 dias" e da nova estação da Praça da Liberdade (ligação Largo dos Loios e estação de S. Bento) verifica-se um atraso de "120 dias", elenca Rui Moreira.
Porém, hoje, Tiago Braga disse aos deputados que responderia primeiro ao presidente da Câmara do Porto por escrito, preferindo centrar-se no "objeto do convite" do presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo.
No final, Rui Moreira disse compreender a posição de Tiago Braga ao não responder, mas não deixou de reforçar a sua preocupação quanto às obras do metro.
"O que nos preocupa é que a cidade possa atingir um nível de disrupção intolerável", reiterou, dizendo que há "alguns atrasos que são ponderáveis e outros que são imponderáveis", lembrando também que ainda estão por iniciar as obras da Linha Rubi e do BRT [vulgo Metrobus] da Boavista.
Rui Moreira reconheceu que o projeto da Linha Rosa é "difícil" e "tem um enorme impacto na cidade", e lembrou atrasos em projetos na cidade, como o da Casa da Música.
No ofício de quinta-feira, a que a Lusa teve acesso, Rui Moreira lembrou que devido à "duração e dimensão" da obra foi criado um grupo de trabalho - constituído pelos serviços da Câmara do Porto, da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) Serviços, da Metro do Porto, do empreiteiro e da entidade fiscalizadora -- afirmando que o município ficou "desprovido de qualquer informação sobre o andamento da empreitada", porque as reuniões foram "canceladas" pela Metro.
Contactada pela Lusa, a Metro do Porto não quis comentar o assunto.
A Linha Rosa consistirá no percurso entre São Bento e Casa da Música, com estações intermédias no Hospital de Santo António e Praça da Galiza, e o presidente da Metro assumiu ter o objetivo de ter a linha rosa a funcionar no primeiro trimestre de 2025, depois de concluídas as obras em dezembro de 2024. .
As obras de prolongamento da Linha Amarela (em Vila Nova de Gaia) e a construção da Linha Rosa representam no total um acréscimo de seis quilómetros e sete estações à rede de metro do Porto e um investimento total superior a 400 milhões de euros.
As obras de expansão da rede vão sofrer um aumento de custos que serão suportados pelo Governo, "no limite", através do Orçamento do Estado, revelou o secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, em 8 de setembro.