18 nov, 2022 - 11:05 • João Cunha
Perfilados à entrada da estação de recolha dos Olivais, um conjunto de camiões de recolha do lixo espera pela chegada de funcionários municipais, para que iniciem a recolha de resíduos pela cidade. Habitualmente, saem muito mais cedo, mas a greve na função pública levou a que muitos dos habituais motoristas aderissem ao protesto. E os camiões lá ficaram, parados.
Um elemento do STAL - o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública - garante que 60% dos motoristas aderiu à greve, mas naquela altura, ainda não conseguia avançar com o número de cantoneiros que também participaram no protesto. Certo é que em algumas zonas da cidade, alguns edifícios ainda tinham à porta caixotes que não foram recolhidos durante a noite. E agora, há que guardar o lixo até amanhã.
Na Secundária D. Filipa de Lencastre, muito antes das oito da manhã, já alguns alunos aguardavam, com expectativa, a abertura das portas, já atravessadas por alguns funcionários e professores. Depois das oito, hora normal de abertura, as portas mantinham-se fechadas, à medida que se amontoavam alunos na entrada. Minutos depois, a porta abre, mas parcialmente, para que uma funcionária indique aos alunos que hoje não há aulas devido à greve, já que o número de funcionários e professores não é suficiente para o normal funcionamento daquele estabelecimento de ensino.
paralisação foi convocada para hoje, a uma semana (...)
É aí que os alunos festejam o dia de "folga", enquanto na escola básica do 2º ciclo ali ao lado, do mesmo agrupamento, os mais pequenos também o fazem, ainda que mais ruidosamente e por breves instantes. A maioria tem os pais à espera no carro ou nas proximidades, preparados para os levar de volta para casa.
Também vão ter de regressar a casa, mas por outros motivos, todos os que tinham consultas ou análises para fazer no Pavilhão de Consultas Externas do Hospital de São José. Quem chegava lia a folha A4 colada na porta, que alertava para possíveis perturbações decorrentes da paralisação.
Foi tal a adesão dos habituais funcionários que as portas nem abriram. Uma situação aproveitada pelas equipas de limpeza do hospital para levar a cabo uma limpeza mais profunda que o habitual no piso plastificado que cobre o chão.
Jorge Campos sobe a custo a rampa de acesso à entrada do pavilhão onde ia fazer análises. Ia, mas "está tudo fechado", lamenta este utente.
"O transtorno é grande porque tenho consulta de urologia, pedida pelo médico, antes da consulta que está agendada para a próxima semana", explica, a arfar, ainda cansado pela subida da rampa. Agora vai ter de esperar que remarquem as análises e que o informem da nova data.
Função Pública
Mário Nogueira diz que "os motivos são mais do que(...)
"Isto em vez de melhorar, só piora", diz, não numa referência ao seu estado de saúde, mas à atual conjuntura.
"É o país que temos", desabafa Catarina Duarte, que há um ano esperava pela consulta agendada para hoje.
"Fui operada e todos os anos tenho de fazer uma consulta de revisão, que há um ano estava marcada para hoje".
Agora, é esperar pela remarcação.
Na loja do Cidadão do Mercado 31 de Janeiro, ao Saldanha, só mesmo com marcação prévia é que se pode ser atendido no IMT. Já nos balcões das Finanças e da Segurança Social, não há qualquer hipótese de ser atendido porque os serviços estão encerrados.
O problema é que, ainda de madrugada, como quase sempre, há dezenas de pessoas que, em fila, aguardam pela distribuição de senhas para serem atendidos. E hoje, protestaram pelo facto de não haver senhas para aqueles que são os serviços com maior atendimento. Por isso, no interior, a Loja do Cidadão tinha muito menos pessoas que o habitual.