18 nov, 2022 - 09:20 • Lusa
O secretário-geral da Fenprof acredita que a maioria das escolas no país irá estar fechada devido à greve nacional, considerando que nos professores há "uma convergência muito grande" na necessidade de continuar a lutar.
"Penso que a maioria das escolas vai estar fechada, em particular as escolas do 2.º, 3.º ciclo e ensino secundário", disse à agência Lusa Mário Nogueira, considerando que haverá ainda casos de estabelecimentos que procurem reafetar os poucos funcionários disponíveis para manter a escola aberta.
É o caso da Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra, que ficará aberto apenas até às 14h30, e onde o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) se encontrava esta manhã.
"Tirando uma outra escola que abram de manhã, a maioria estará fechada", sublinhou Mário Nogueira, esperando níveis de adesão semelhantes à greve dos professores de 2 de novembro.
Segundo o dirigente sindical, "os motivos são mais do que justos" e a indignação face ao aumento do custo de vida torna-se mais visível. "Quando ouvimos os governantes a afirmar que os funcionários públicos vão ter o maior aumento da década isso é verdade, mas esconde a verdade maior de que os funcionários vão ter a maior perda salarial da década. Eu diria que, quando tivemos uma inflação zero e um aumento zero tivemos uma perda menor do que agora com 2% ou 3% [de aumento] e uma inflação de 10%", notou.
Segundo Mário Nogueira, face àquilo que tem ouvido em plenários que a Fenprof tem realizado pelo país, a opinião dos professores tem-se radicalizado, ao ponto de haver quem peça "uma greve por tempo indeterminado". "Isso mostra bem os níveis de indignação. A luta com certeza que irá continuar", vincou.
Dentro das diferentes organizações sindicais dos professores, há também "uma convergência muito grande na apreciação da situação e na necessidade de desenvolver ações de luta mais fortes", referiu.
Mais de uma dezena de escolas do distrito do Porto estão hoje encerradas devido à greve dos trabalhadores da administração pública, a maior parte, por falta de assistentes operacionais.
Sem dados concretos sobre a adesão à paralisação, Francisco Gonçalves, dirigente do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) e da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), explicou aos jornalistas que o que se sabia, cerca das 8h30, era de muitas escolas encerradas, admitindo que "nessas tem mais a ver com a adesão do pessoal não docente, de setores chave".
"O diretor de cada escola tem que verificar se tem condições de segurança para a escola funcionar ou não e, portanto, há muitas que estão encerradas por essa razão", afirmou o dirigente dos SPN junto à Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, que também encerrou.
Relativamente à adesão dos professores "só ao longo do dia se saberá", disse Francisco Gonçalves, referindo que os professores aderiram a esta greve por questões relacionadas com o Orçamente de Estado, que "não responde aos problemas, não tem dotação orçamental suficiente para solucionar problemas como a precariedade, a carreira, cotas, vagas e também por questões salariais".
A greve foi convocada para hoje, a uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), que prevê aumentos salariais de um mínimo de cerca de 52 euros ou de 2% para a administração pública no próximo ano.
A Frente Comum de Sindicatos exige aumentos salariais de "10% ou um mínimo de 100 euros" para a administração pública no próximo ano e acredita que ainda há tempo para negociar com o Governo, apesar da votação do OE2023 acontecer já na próxima semana.