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Investigadora defende capacitação dos utentes para transformação digital na saúde

23 nov, 2022 - 19:18 • Lusa

Jornadas de Saúde Societal decorrem quarta e quinta-feira em Lisboa.

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A investigadora do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) Luísa Lima defendeu esta quarta-feira que é preciso promover a informação e a capacitação dos utentes para a transformação digital na saúde para garantir que ninguém seja excluído nesta mudança.

A nova relação médico-doente no mundo digital e a inclusão e a equidade na área da saúde estão em debate quarta e quinta-feira no ISCTE, em Lisboa, nas III Jornadas de Saúde Societal, um evento aberto à sociedade que tem como principal objetivo promover a inclusão e debater os impactos da digitalização na área da saúde.

“Nós queremos muito a participação de doentes, das associações e da sociedade civil” no evento que visa promover “uma discussão alargada” sobre as implicações das transformações digitais na organização dos serviços, no doente, nas suas famílias e na maneira como eles lidam com o sistema de saúde, disse à agência Lusa Luísa Lima.

Por isso, disse a investigadora, “pareceu-nos muito importante promover esta discussão alargada sobre a transformação digital na saúde e envolver aqueles que não são nem especialistas tecnológicos, nem profissionais de saúde, mas as pessoas para quem todos estes serviços são organizados e dar-lhes uma voz às preocupações que têm”.

Para Luísa Lima, há dois problemas que preocupam nas questões da transformação digital.

Um dos problemas, apontou, “é a exclusão que o digital pode provocar em muitas pessoas que não tenham acesso aos telemóveis com as ‘apps’, com que é feita muita da interação com os pacientes".

A segunda questão relaciona-se com a utilização dos dados de saúde em que “o consentimento e a colaboração dos doentes” têm de passar pela sua capacitação.

“Só com capacitação, literacia e advocacia para a utilização de dados de saúde na justa medida e de forma segura, os dados disponíveis poderão ser úteis para a promoção de políticas que melhorem a prestação de cuidados de saúde à população”, defendeu.

A investigadora adiantou que o ISCTE, através da conjugação entre a investigação, a formação e a intervenção e a sua intervenção nas áreas de ciências sociais, da gestão e da tecnologia, pode ser “uma plataforma de diálogo para as associações de doentes, os doentes para a comunidade civil, para poderem intervir na área da saúde”.

Na quinta-feira será divulgado o documento “Posição Conjunta para a Saúde Digital Inclusiva”, que já foi assinado por 14 associações de doentes, das 44 que estão a trabalhar na adesão a esta posição, que visa promover “a informação e a participação dos cidadãos nos processos de prestação de cuidados de saúde na era digital, assim como o desenvolvimento de uma nova relação médico-doente que a pandemia da Covid-19 acelerou”.

Para Luísa Lima, ter este documento, “é um passo muito importante para tentar pôr esta questão em cima da mesa”.

“As tecnologias são muito importantes, podem resolver muitos problemas, mas podem criar outros e são esses problemas da exclusão, de quem é que nós deixamos de fora, que é muito importante pensar”, rematou.

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