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Banco Alimentar. Campanha do fim de semana recolhe 2.086 toneladas

28 nov, 2022 - 03:18 • Marisa Gonçalves

Isabel Jonet fala numa "extraordinária expressão de solidariedade dos portugueses". Ao mesmo tempo, lembra que os pedidos de ajuda não têm parado de chegar devido ao contexto de inflação e de subida nas taxas de juro.

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Durante este fim de semana de campanha nacional, os Bancos Alimentares contra a Fome recolheram 2.086 toneladas de alimentos, de acordo com a organização.

Comparando com o mesmo período de 2021, o valor agora anunciado representa um aumento de 24%, o equivalente a cerca de mais 405 toneladas de alimentos, especifica à Renascença a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome.

“É uma extraordinária expressão de solidariedade dos portugueses que foram às compras e que quiseram partilhar com os mais carenciados da sua região, aquilo que levavam para sua casa”.

Isabel Jonet sublinha que o atual contexto de inflação e de subida das taxas de juro origina novos pedidos de ajuda.

Temos recebido cerca de 30 a 35 pedidos de apoio alimentar por dia. Temos mais pedidos a título individual e também por parte das instituições de solidariedade social porque elas próprias têm encargos com a alimentação que servem nos lares, nas cresces e ainda mais despesas com o combustível e a energia.” Acrescenta que “as pessoas que a título individual pedem apoio são aquelas com os orçamentos já muito esticados e para quem, qualquer acréscimo dos produtos mais básicos, mas sobretudo das taxas juro que têm para o seu empréstimo à habitação, não conseguem suportar o seu orçamento familiar. Estas pessoas pedem ajuda para comer para não perder a sua casa”.

A responsável adianta que a atual conjuntura não é comparável com a situação pandémica, mas diz que será comparável com outros cenários de crise social.

“Este acréscimo da inflação, que tem sido muito gradual, foi sendo acomodado pelas famílias. No entanto, elas chegaram agora a um ponto em que não conseguem suportar mais o aumento dos preços. Não há comparação com a altura da pandemia, quando muitas famílias ficaram sem capacidade de trabalhar, ou ficaram sem salário completo, em regime de lay-off. O que verificamos é um aumento de pedidos que é comparável a crises anteriores, sustenta.

“Os próximos meses vão ser muito duros”

A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome pede uma tomada de consciência “realista” ao perspetivar tempos ainda difíceis para o início de 2023

“Os primeiros seis meses vão ser muito duros, em especial para as famílias que têm empréstimos à habitação, porque não se prevê um decréscimo da inflação e prevê-se um acréscimo das taxas de juro. Nós vamos ter um primeiro semestre muito difícil. Esta solidariedade que foi expressa nesta campanha é extraordinária ao revelar que as pessoas com mais carências não precisam de perder a esperança porque há um conjunto de portugueses que não querem que haja situações de rutura social”, alerta.

Ainda é possível contribuir para a campanha.

Até 4 de dezembro decorre a iniciativa "Ajuda de Vale", com vales disponíveis em todos os supermercados, cada um com um código de barras específico, correspondente ao alimento selecionado para doação, cujo valor é acrescentado no ato do pagamento, ou no site www.alimentestaideia.pt, um portal de doações online.

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