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Miguel Miranda defende que “as unidades de saúde precisavam de ter mais tempo”

28 nov, 2022 - 12:01 • Marta Pedreira Mixão

Médico critica a criação de novas valências nos centros de saúde sem confirmação da disponibilidade dos mesmos para a sua execução, bem como o aumento de tarefas, que sugere “algumas delas de carater duvidoso”, que consomem mais tempo aos médicos.

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Na sua intervenção durante o painel “Os desafios na promoção de saúde mental”, o médico Miguel Miranda, da Liga dos Amigos do Centro de Saúde Soares dos Reis - Projeto Centro de Dia Especializado em Doentes de Alzheimer, explicou a natureza da intervenção deste projeto.

A liga pretende dar resposta a outros tipos de apoios, uma vez que “as pessoas não têm o problema só da doença em si, mas também de integração social, de apoio e isolamento” e conta com uma equipa de “apoio domiciliário especializado”, que articula com as equipas do centro de saúde.

“Em Gaia somos um bocado privilegiados porque trabalhamos em rede há muitos anos e trabalha-se de forma a não haver sobreposição”, explica o médico, destacando a vasta articulação entre a saúde e a área social na localidade.

“As unidades de saúde e os centro de saúde precisavam de ter, não só, mais técnicos, mas também mais tempo”, alerta, exemplificando com as listas excessivamente longas dos médicos de família e das metas e tarefas, que sugere “algumas delas de carater duvidoso”, que consomem muito tempo, reduzindo o tempo útil da consulta.

Miguel Miranda defende, por isso, uma simplificação informática e dos processos de avaliação, para que seja possível dedicar mais tempo aos utentes.

Sobre o papel dos cuidados de saúde primários, relembra que é fácil "criar mais uma valência no centro de saúde", seja para a saúde mental ou outro, mas refere que não há estudos para avaliar as respetivas disponibilidades, nomeadamente o tempo.

"Com as necessidades do dia-a-dia, o tempo da consulta é cada vez menor e o que é fundamental é dotar os centros de saúde de mais psicólogos, mais médicos, mais enfermeiros e secretários clínicos", apela.

"No nosso centro de saúde, o que lucramos com a pandemia foi uma central telefónica excelente que não tínhamos e as pessoas não conseguiam ligar para lá", refere Miguel Miranda, explicando que agora conseguem devolver as chamadas aos utentes. Contudo, refere que o projeto piloto não foi alargado a outros centros.

Quanto às teleconsultas, refere que nunca foram recebidas as camâras no centro de saúde, mas que, por outro lado, os idosos também não conseguiriam recorrer a estas ferramentas, motivo pelo qual a central telefónica se torna importante, permitindo o contacto de proximidade.

"Em vez de investir em materiais sofisticados para videoconsultas, era investir numas centrais telefónicas básicas".

Sobre o projeto do Centro de Dia Especializado em Doentes de Alzheimer, Miguel Miranda explica que só agora é que conseguiram "ganhar" a candidatura para acabar a construção, porque as que iam abrindo destinavam-se apenas a ampliação de serviços.

"A nossa visão foi sempre investir no ambulatório e no apoio domiciliário. Creio que na maior parte das situações será possível fazer a estimulação cognitiva e todo o apoio num centro ambulatório, que terá menos custos em taxas para os utentes e para o Estado".

Miguel Miranda refere que é expectável que o centro fique pronto dentro de cerca de um ano e meio.

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