29 nov, 2022 - 15:47 • Beatriz Lopes
Enquanto o governo não resolver os problemas "de fundo" no Hospital Garcia de Orta, em Almada, o pedido de demissão dos chefes de equipa do Serviço de Urgência Geral (SUG) vai manter-se.
O aviso é deixado pelo secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha.
Depois de a administração do hospital de Almada ter anunciado, esta terça-feira, que vai garantir a escala de dezembro e reforçar a equipa médica das urgências gerais, Jorge Roque da Cunha alerta que "as medidas não são suficientes".
"O pedido de demissão mantém-se. Enquanto não houver a contratação de médicos, enquanto não houver condições físicas da urgência e de equipamentos, a situação mantém-se. Por isso, o nosso apelo é para que o ministro da Saúde consiga convencer o seu colega das Finanças e o primeiro-ministro que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) precisa de investimento e que os dez mil milhões de euros a mais que foram cobrados de impostos até setembro, têm de ser parte canalizados para o SNS".
O secretário-geral do SIM apela ao governo que não fique "impávido e sereno" e alerta que a solução para resolver os problemas nas urgências "não passa pela contratação de prestadores de serviços" e os centros de saúde também não são alternativa.
"Os médicos têm responsabilidades que não são equiparáveis àqueles que trabalham nos centros hospitalares em Almada, onde cerca de 60 mil pessoas não têm médico de família. E não é solução dizer que o problema se resolve nos cuidados de saúde primários porque não têm qualquer tipo de possibilidade de responder sequer aos utentes nesta região".
Sobre a situação concreta dos chefes de equipa das urgências do Garcia de Orta, Roque da Cunha alerta para as horas extraordinárias que têm feito e critica a administração do hospital por fazer escalas "em cima do joelho".
"Os chefes de equipa já fizeram este ano centenas de horas extra, 300, 400 horas. Portanto, não é possível pedir-lhe mais trabalho e, além disso, as escalas de urgência devem estar estabelecidas no princípio do ano, porque os médicos têm de ter a capacidade de organizar minimamente a vida pessoal. Estamos a falar de escalas que são feitas na véspera, muitas vezes dois dias antes".