05 dez, 2022 - 12:11 • Redação com Lusa
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, assumiu esta segunda-feira que há um cenário de "grandes dificuldades" nas urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com tempos de atendimento indesejáveis.
"É verdade que no Hospital de Santa Maria estamos com grandes dificuldades e com tempos de atendimento indesejáveis. Já um pouco melhores do que o que estavam de madrugada, mas absolutamente indesejáveis", declarou Manuel Pizarro, esta manhã, no Porto, depois de ter levado uma dose de reforço da vacina para a Covid-19.
Às 11h45 desta segunda-feira, 19 doentes com pulseira amarela (urgente) tinham de esperar uma média de 11 horas e 10 minutos para serem atendidos no serviço de urgência central do Hospital Santa Maria, em Lisboa, segundo dados do Portal do Serviço Nacional do SNS.
Face ao cenário de "grandes dificuldades" nas urgências do Hospital de Santa Maria, o ministro da Saúde quis transmitir uma "mensagem de agradecimento" aos profissionais - médicos, enfermeiros e outros - pelo trabalho que estão a fazer para atender todas as pessoas.
Manuel Pizarro considera que o que está a acontecer neste momento é "um afluxo excessivo às urgências", com a agravante de que as respostas alternativas ainda "não funcionam" como se desejaria e depois, "claro que nestes períodos de pico, as dificuldades aumentam".
Nas declarações aos jornalistas, questionado pela situação das urgências hospitalares em Lisboa, Manuel Pizarro rejeita que "haja um cenário de caos".
"Há um cenário de dificuldades, mas as pessoas estão todas a ser atendidas. É verdade que não estão a ser atendidas com a prontidão que seria desejável e quero, desse ponto de vista, transmitir uma mensagem aos utentes e aos seus familiares que não estão a ser atendidos com a rapidez que nós desejaríamos um apelo à sua compreensão", reforço o governante.
Manuel Pizarro pediu ainda aos doentes que não corram às urgências em caso de doença ligeira e manifestou a convicção que o país está a já a passar pelo pico de algumas infecções respiratórias, o que pode justificar o aumento da pressão nestes serviços.
Os tempos médios de espera para doentes urgentes nos hospitais da região de Lisboa variavam às 11h45 de hoje entre as 11 horas no Hospital Santa Maria e os 33 minutos no São Francisco Xavier, segundo dados do SNS.
De acordo com os dados do Portal do Serviço Nacional de Saúde, consultados pela agência Lusa, 19 doentes com pulseira amarela (urgente) encontravam-se às 11h45 no serviço de urgência central do Hospital Santa Maria, tendo um tempo médio de espera de 11 horas e 10 minutos, quando o tempo recomendado é de 60 minutos.
No Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, o tempo médio de espera é de duas horas e 21 minutos, estando a esta hora 42 pessoas no serviço de urgência.
O hospital pediátrico D. Estefânia tem um tempo médio de espera de uma hora e 17 minutos, com nove doentes a aguardar no serviço de urgência, e o Hospital São José uma hora e 26 minutos (13 doentes).
Nos hospitais Garcia de Orta, em Almada, São Francisco Xavier, e Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) o tempo médio de espera está dentro do recomendado, com 38, 33 e 39 minutos, respetivamente.
O Hospital de Santa Maria, que tem registado grandes picos de procura de urgências, explica, em comunicado, que o aumento registado resulta, não só de um maior aumento de procura por parte de utentes da área de referência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), mas também do funcionamento em rede do Serviço Nacional de Saúde.
A triagem de Manchester, que permite avaliar o risco clínico do utente e atribuir um grau de prioridade, inclui cinco níveis: emergente (pulseira vermelha), muito urgente (laranja), urgente (amarelo), pouco urgente (verde) e não urgente (azul).
Nos casos de pulseira amarela, o primeiro atendimento não deve demorar mais de 60 minutos, e no caso da pulseira verde a recomendação é que não vá além de 120 minutos (duas horas).