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Caos nas urgências. "Muitos médicos abdicaram das férias de Natal, mas não chega"

05 dez, 2022 - 23:54 • Pedro Valente Lima

Urgência pediátrica do Hospital de Setúbal encerra esta terça-feira durante uma semana, por falta de médicos. O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos aponta o dedo á inércia do Governo, especialmente com "o inverno a chegar".

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Os problemas nas urgências não são novidade e prometem piorar no inverno, prevê Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

A partir das 09h00 desta terça-feira, a urgência pediátrica do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, encerrará durante uma semana, devido á falta de pessoal. Já em Almada, o Hospital Garcia de Orta voltou a pedir o encaminhamento de doentes não críticos para outros hospitais, face às urgências sobrelotadas.

À Renascença, Roque da Cunha diz que o SIM sempre alertou, "ao longo dos meses" para os problemas nos serviços de urgência em Portugal. "Infelizmente, há uma tendência para desvalorizar", lamenta.

O secretário-geral recusa falar em "caos", mas sublinha o que considera ser "situações recorrentes".

"Hoje, em Setúbal, na [Urgência de] Pediatria, o Hospital de São Francisco Xavier não recebe grávidas, no Hospital de Faro não existem urgências de pediatria e de obstetrícia e em Portimão muito raramente está disponível. E o Hospital Garcia de Orta continua com os seus problemas."

O dirigente sindical critica o Governo por desvalorizar o problema. "É preciso que se encare o problema e que se apresentem soluções, já que quem governa, e ainda por cima com maioria absoluta, tem todas as condições para o fazer."

E com "o inverno a chegar", Roque da Cunha não vê a situação a melhorar: "A [pandemia de] Covid-19 ainda não terminou e há vírus mais agressivos do foro respiratório identificados".

Perante a ineficiência dos cuidados de saúde primários e de portugueses sem médicos de família, o secretário-geral considera ser natural que "as pessoas, não tendo alternativas, procurem os serviços de urgência" em casos que podem não ser considerados críticos.

Roque da Cunha relembra ainda que, "muitos dos médicos, pelo terceiro ano consecutivo, abdicaram das suas férias de Natal" e do "conforto e tranquilidade" da época festiva, "mas não chega" para colmatar a falta de profissionais e demais problemas das urgências portuguesas.

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