15 dez, 2022 - 13:44 • Rosário Silva
As fortes chuvadas que caíram em Portugal, entre 12 e 14 de dezembro, levaram a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a atualizar o estado das albufeiras.
Os dados disponíveis neste período referem que, em 71 das 80 albufeiras monitorizadas pela APA, a reserva de água aumentou “cerca de 785 hm3 (hectómetros cúbicos), encontrando-se a 72% da capacidade total de armazenamento”, refere o comunicado enviado à Renascença.
A recuperação das reservas de água ocorreu em quase todas as bacias hidrográficas a nível nacional, conclui a APA, tendo-se registado a maior subida, em percentagem, nomeadamente na bacia do Vouga (+20%), do Mondego (mais14%) e do Tejo (mais 17%), Sotavento (mais 10%) e Guadiana (7%).
De realçar ainda que, desde o início de dezembro, a albufeira de Alqueva conseguiu recuperar cerca de 350 hm3 e Castelo de Bode, cuja água abastece a área metropolitana de Lisboa, recuperou cerca de 180 hm3.
A APA dá outros exemplos. A precipitação que se verificou nestes três dias de dezembro permitiu, que “as cotas da albufeira de Maranhão e Varosa subissem face a 12 de dezembro mais de 13.60 m (metros) e 8.29 m, respetivamente”.
Neste mês ocorreram vários eventos de precipitação significativos abrangendo também as regiões a Sul, permitindo assim a recuperação de algumas das albufeiras, algumas delas estratégicas, sendo ainda relevante para a quantidade de água no solo que atingiu a saturação, permitindo a infiltração para as águas subterrâneas, cuja recuperação é mais lenta.
Apesar do panorama favorável à maioria das albufeiras, a APA refere que “ainda não existe recuperação nas bacias do Mira (Santa Clara), Sado (Monte da Rocha e Campilhas) e Barlavento algarvio (Bravura)”.
Em resumo, à data de hoje, “das 71 albufeiras monitorizadas pela APA, 18 têm disponibilidades inferiores a 50% do volume total, sendo que dessas, 14 têm disponibilidades inferiores a 40%”.
A situação hidrológica mais preocupante regista-se na região do Algarve, em particular o Barlavento onde se destaca a “Bravura e Odelouca, com níveis de recuperação muito reduzidos, em especial a Bravura que registou um armazenamento adicional de apenas 0,3 hm3 desde o início do ano hidrológico”.
Nesta atualização de dados, no que diz respeito ao armazenamento das principais reservas superficiais, com os valores de precipitação registados, “ocorreu uma recuperação de cerca de 20 hm3 face a dia 12, totalizando nas seis albufeiras do Algarve um volume de cerca de 180 hm3, o que corresponde a 40% da capacidade total de armazenamento”.
As restrições abrangiam 15 albufeiras portuguesas,(...)
Segundo a APA, nas regiões mais afetadas pela precipitação intensa foi necessário realizar em algumas barragens descargas controladas, “para ganhar encaixe antes de cada um dos eventos que ocorreram em novembro e que ainda estão a acontecer em dezembro”.
A Agência Portuguesa do Ambiente refere que estão nesta situação, “as albufeiras do Alto Lindoso (Lima), da Caniçada (Cávado), da Aguieira e de Fronhas (Mondego), de Castelo do Bode (Zêzere), de Póvoa e Meadas na Ribeira de Nisa (Tejo) e Maranhão na ribeira de Sor (Tejo).
Medidas de gestão que, segundo este organismo, tem permitido “minimizar os efeitos a jusante”, designadamente inundações, “permitindo encaixar parte do volume de água afluente”.
Quanto às albufeiras que estavam referenciadas para a criação de uma reserva hídrica estratégica para a produção de energia, verifica-se” que das 15 albufeiras abrangidas, apenas o Alto Rabagão não atingiu ainda a cota objetivo definida”. De resto, uma revelação feita na quarta-feira pelo próprio ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro.